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segunda-feira, 26 de agosto de 2013

AUGUSTO DOS ANJOS - BIOGRAFIA

                                            
                                                                  AUGUSTO DOS ANJOS

Augusto dos Anjos nasceu no engenho Pau d'Arco, no município de Sapé, estado da Paraíba. Foi educado nas primeiras letras pelo pai e estudou no Liceu Paraibano, onde viria a ser professor em 1908. Precoce poeta brasileiro, compôs os primeiros versos aos 7 anos de idade.

Em 1903, ingressou no curso de Direito na Faculdade de Direito do Recife, bacharelando-se em 1907. Em 1910 casa-se com Ester Fialho. Seu contato com a leitura, influenciaria muito na construção de sua dialética poética e visão de mundo.

Com a obra de Herbert Spencer, teria aprendido a incapacidade de se conhecer a essência das coisas e compreendido a evolução da natureza e da humanidade. De Ernst Haeckel, teria absorvido o conceito da monera como princípio da vida, e de que a morte e a vida são um puro fato químico. Arthur Schopenhauer o teria inspirado a perceber que o aniquilamento da vontade própria seria a única saída para o ser humano. E da Bíblia Sagrada ao qual, também, não contestava sua essência espiritualística, usando-a para contrapor, de forma poeticamente agressiva, os pensamentos remanescentes, em principal os ideais iluministas/materialistas que, endeusando-se, se emergiam na sua época.

Essa filosofia, fora do contexto europeu em que nascera, para Augusto dos Anjos seria a demonstração da realidade que via ao seu redor, com a crise de um modo de produção pré-materialista, proprietários falindo e ex-escravos na miséria. O mundo seria representado por ele, então, como repleto dessa tragédia, cada ser vivenciando-a no nascimento e na morte.

Dedicou-se ao magistério, transferindo-se para o Rio de Janeiro, onde foi professor em vários estabelecimentos de ensino. Faleceu em 12 de novembro de 1914, às 4 horas da madrugada, aos 30 anos, em Leopoldina, Minas Gerais, onde era diretor de um grupo escolar. A causa de sua morte foi a pneumonia.

Durante sua vida, publicou vários poemas em periódicos, o primeiro, Saudade, em 1900. Em 1912, publicou seu livro único de poemas, Eu. Após sua morte, seu amigo Órris Soares organizaria uma edição chamada Eu e Outras Poesias, incluindo poemas até então não publicados pelo autor.


CURIOSIDADES:

01 - Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos (Cruz do Espírito Santo, 20 de abril de 1884 - Leopoldina, 12 de novembro de 1914) foi um poeta brasileiro, identificado muitas vezes como simbolista ou parnasiano. Mas muitos críticos, como o poeta Ferreira Gullar, concordam em situá-lo como pré-moderno.

02 - É conhecido como um dos poetas mais críticos do seu tempo, e até hoje sua obra é admirada tanto por leigos como por críticos literários.

03 - É patrono da cadeira número 1 da Academia Paraibana de Letras, que teve como fundador o jurista e ensaísta José Flósculo da Nóbrega e como primeiro ocupante o seu biógrafo Humberto Nóbrega, sendo ocupada, atualmente, por José Neumanne Pinto.


04 - Um exemplar do Eu faz parte da biblioteca da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, por causa dos termos científicos que Augusto dos Anjos utilizava em suas composições.

05 - Eu e outras poesias" (disponível gratuitamente em PDF) é a reunião do livro "Eu" (publicado em vida) a outras poesias que foram acrescentadas postumamente à obra.



OBRA POÉTICA

A poesia brasileira estava dominada por simbolismo e parnasianismo, dos quais o poeta paraibano herdou algumas características formais, mas não de conteúdo. A incapacidade do homem de expressar sua essência através da "língua paralítica" (Anjos, p. 204) e a tentativa de usar o verso para expressar da forma mais crua a realidade seriam sua apropriação do trabalho exaustivo com o verso feito pelo poeta parnasiano. A erudição usada apenas para repetir o modelo formal clássico é rompida por Augusto dos Anjos, que se preocupa em utilizar a forma clássica com um conteúdo que a subverte, através de uma tensão que repudia e é atraída pela ciência.

A obra de Augusto dos Anjos pode ser dividida, não com rigor, em três fases, a primeira sendo muito influenciada pelo simbolismo e sem a originalidade que marcaria as posteriores. A essa fase pertencem Saudade e Versos Íntimos. A segunda possui o caráter de sua visão de mundo peculiar. Um exemplo dessa fase é o soneto Psicologia de um Vencido. A última corresponde à sua produção mais complexa e madura, que inclui Ao Luar.

Sua poesia chocou a muitos, principalmente aos poetas parnasianos, mas hoje é um dos poetas brasileiros que mais foram reeditados. Sua popularidade se deveu principalmente ao sucesso entre as camadas populares brasileiras e à divulgação feita pelos modernistas.

Hoje em dia diversas editoras brasileiras publicam edições de Eu e Outros Poemas.


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domingo, 25 de agosto de 2013

AUBREY BEARDSLEY - BIOGRAFIA

                                      
Aubrey Vincent Beardsley, conhecido como Aubrey Beardsley (nasceu em 21 de Agosto de 1872, Brighton, Inglaterra - morreu em 16 de Março de 1898, Menton, França), foi um ilustrador inglês, considerado uma das figuras de destaque do Esteticismo.



     Auto-retrato, caneta e tinta, 1892 - Museu Britânico


Embora oriundo de uma família modesta, Beardsley e a sua irmã, tiveram uma educação rigorosa em música e literatura, incentivada pela sua mãe. No entanto, no final de 1888, foi forçado a deixar a escola e a ir trabalhar como caixeiro. 
Desde a infância, o artista revelou um especial interesse pelo desenho, tendo publicado um poema e uma série de esboços, num jornal da escola. Em 1889, continuou a publicar os seus desenhos e textos numa revista, prosseguindo o trabalho como caixeiro. Beardsley ambicionava viver apenas da sua arte, por isso, decidiu procurar o artista inglês pré-rafaelita, Edward Burne-Jones. Aconselhado por este, frequentou a Escola de Arte de Westminster, em Londres (1891), durante alguns meses em regime nocturno. 

 Vinheta para Bon Mots, tinta preta e grafite sobre papel, 1892 - Museu de Arte Harvard

Em 1893, Beardsley ilustrou uma nova edição de A morte de Artur, por Sir Thomas Malory.Depois de realizar as famosas ilustrações (1894) para a peça de Oscar Wilde, Salomé, o artista ganhou notoriedade. Foi editor de arte do jornal O Livro Amarelo (1894-1895) e The Savoy (1896).
Beardsley foi influenciado pelo estilo pré-rafaelita. As suas ilustrações revelam a concepção do espaço das gravuras japonesas, o estilo elegante e curvilíneo característico da Art Nouveau e o desrespeito pelas proporções. A sensualidade evidente das mulheres nos seus desenhos, surpreenderam os críticos e o público em geral. A maioria das suas imagens, foi realizada com tinta, em preto e branco. 

O aniversário de Madame Cigale,tinta preta, aguada cinza, guache branco e grafite, 
sobre papel, 1892 -Museu de Arte Harvard

Beardsley participou noutros projectos importantes, que incluíram ilustrações para uma edição do poema The Rape of the Lock (1896), por Alexander Pope, e  um livro com os seus desenhos, intitulado Um Livro de cinquenta desenhos (1897). Beardsley escreveu ainda alguns poemas e prosa, como A História de Vénus e Tannhauser.

Projecto para fachada John Davidson's, tinta e grafite sobre papel, 1894 - TATE

A sexualidade de Beardsley originou várias especulações. Embora associado ao grupo homossexual que incluía Oscar Wilde, por diversas vezes foi considerado assexuado, devido à sua devoção ao trabalho e à doença crónica. 

Quatro rainhas encontram Lancelot dormindo,tinta preta e grafite sobre papel, 1893-94 
Museu de Arte Harvard

Beardsley fruía de uma saúde frágil, antes dos dez anos de idade, contraiu tuberculose, doença que o viria a incapacitar. Os ataques recorrentes da doença, impossibilitavam a sua de saída de casa, e por vezes, a realização da sua obra. Em 1897, depois da sua converção ao catolicismo, viajou para Paris com a sua mãe e irmã, aconselhado pelos médicos. 

A morte de Artur,impressão, 1893-94 - Universidade do Estado da Califórnia

Morreu no ano seguinte, em Menton, com 25 anos de idade, 
vítima da doença que o devastava desde criança. 

A toilette de Salomé,caneta e tinta, 1894 - Museu Britânico

O seu estilo moderno e pessoal, fez dele a figura mais importante da arte inglesa, na última década do século XIX. Os seus temas foram retirados da literatura clássica, da história, da Bíblia e do mundo social do seu tempo. O seu trabalho tornou-se amplamente conhecido e admirado no exterior, em vida e logo após a morte. A obra que realizou foi uma parte influente da corrente Art Noveau.

A toilette de Salomé II, caneta e tinta sobre pergaminho japonês, 1893-1894 - 
 Museu Victoria e Alberto

The Peacock Skirt,para Salomé,tinta preta e grafite sobre papel, 1893 -
Museu de Arte Harvard

The Rape of the Lock, o Sonho, caneta e tinta preta, 1896 - Museu J. Paul Getty

A Dama das Camélias, tinta e aguarela sobre papel, 1894 - TATE

Isolda, litografia, 1895 Universidade do Estado da Califórnia

Projecto para a capa The Savoy nº 1,Janeiro de 1896, tinta preta e grafite sobre papel branco 
Museu de Arte Harvard

John Bull para The Savoy, tinta preta e grafite sobre papel, 1895 - Museu de Arte Harvard

O Livro Amarelo, Fantasias, tinta sobre papel, 1894-1897 Universidade do Estado da Califórnia

Projecto para a capa, O Livro Amarelo, tinta spbre papel, 1894 - TATE

 O Livro Amarelo,impressão,1894 - Universidade do Estado da Califórnia

Casal abraçado no céu,litografia, 1896 - Universidade do Estado da Califórnia

Ali Baba,capa para The Forty Thieves, impressão, 1897 - Universidade do Estado da Califórnia

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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

GUSTAVE DORÉ - BIOGRAFIA


GUSTAVE  DORÉ

Paul Gustave Doré nasceu em Paris Estrasburgo, no dia 6 de janeiro de 1832 ,  foi pintor, desenhista e o mais produtivo e bem-sucedido ilustrador francês de livros de meados do século XIX. Seu estilo se caracteriza pela inclinação para a fantasia, mas também produziu trabalhos mais sóbrios, como os notáveis estudos sobre as áreas pobres de Londres, realizados entre 1869           e 1871.
VIDA E OBRA

Filho de um engenheiro, começou a desenhar já aos treze anos suas primeiras litogravuras e aos catorze publicou seu primeiro álbum, intitulado "Les travaux d'Hercule" (Os Trabalhos de Hércules). Aos quinze anos engajou-se como caricaturista do "Journal pour rire", de Charles Philipon. Neste mesmo ano - 1848 - estreou no Salão com dois desenhos a pena.Em 1849, com a morte do pai, já reconhecido apesar de contar apenas dezesseis anos. Passa a maior parte do tempo com a mãe. Em 1851 realiza algumas esculturas com temas religiosos e colabora em diversas revistas e com o "Journal pour tous".

Em 1854 o editor Joseph Bry publica uma edição das obras de Rabelais, contendo uma centena de gravuras feitas por Doré. Entre 1861 a 68 realiza a ilustração da Divina Comédia, de Dante Alighieri.

Após algum tempo desenhando diretamente sobre a madeira e tendo seus trabalhos gravados por amigos, iniciou-se na pintura e na escultura, mas suas obras em tela e esculturas não fizeram tanto sucesso como suas ilustrações em tons acinzentados e altamente detalhadas.

Com aproximadamente 25 anos, começou a trabalhar nas ilustrações de O Inferno de Dante. Em 1868, Doré terminou as ilustrações de O Purgatório e de O Paraíso, e publicou uma segunda parte incluindo todas as ilustrações de A Divina Comédia.
Sua paixão eram mesmo as obras literárias. Ilustrou mais de cento e vinte obras, como os Contos jocosos, de Honoré de Balzac (1855);Dom Quixote de la Mancha, de Miguel de Cervantes (1863);O Paraíso Perdido, de Milton; Gargântua e Pantagruel, de Rabelais; O Corvo, de Edgar Allan Poe; a Bíblia; A Balada do Velho Marinheiro, de Samuel Taylor Coleridge; contos de fadas de Charles Perrault, como Chapeuzinho Vermelho, O Gato de Botas, A Bela Adormecida e Cinderela, entre outras obras–primas. Ilustrou também alguns trabalhos do poeta inglês Lorde Byron, como As Trevas e Manfredo.


Em 1869, Doré foi contratado para ilustrar o livro Londres: Uma Peregrinação, muito criticado por, supostamente, retratar apenas a pobreza da cidade. Mas apesar de todas as críticas, o livro foi um sucesso de vendagem na Inglaterra, valorizando ainda mais o seu trabalho na Europa. Ganhou muito dinheiro ilustrando para diversos livros e obras públicas, mas nunca abriu mão dos trabalho desenvolvidos apenas para seu prazer pessoal.

Gustave Doré morreu no dia e faleceu no dia 23 de janeiro de 1883 aos 51 anos, pobre, pois todo o dinheiro que havia ganho com o seu trabalho foi utilizado para quitar diversas dívidas, deixando incompletas suas ilustrações para uma edição não divulgada de Shakespeare, entre outros trabalhos.

ABAIXO ALGUNS DOS TRABALHOS DE GUSTAVE DORÉ






















































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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

ATAULFO ALVES DE SOUZA - BIOGRAFIA


                     
              ATAULFO ALVES DE SOUZA- 1909/1969

Ataulfo Alves de Souza nasceu em Miraí, zona da Mata, em Minas Gerais, na Fazenda Cachoeira, em 2/5/1909. Teve suas primeiras lições de canto com o pai, "Capitão" Severino, repentista, violeiro e sanfoneiro.

Com a morte do pai, aos 10 anos, passou a morar no centro da cidade de Miraí, com a mãe e 6 irmãos. Sua infância ficou registrada em sua memória, e essa vida de menino pobre mas feliz foi o tema de Meus Tempos de Criança, composto anos mais tarde.

MEUS TEMPOS DE CRIANÇA
Ataulfo Alves

Eu daria tudo que eu tivesse 
Pra voltar aos dias de criança. 
Eu não sei pra quê que a gente cresce,
Se não sai da gente essa lembrança... 
Aos domingos, missa na matriz 
Da cidadezinha onde eu nasci... 
Ai, meu Deus, eu era tão feliz 
No meu pequenino Miraí!
Que saudade da professorinha, 
Que me ensinou o be-a-bá...
Onde andará Mariazinha 
- Meu primeiro amor - onde andará? 
Eu, igual a toda meninada 
Quanta travessura que eu fazia... 
Jogo de botões sobre a calçada... 
Eu era feliz e não sabia!

Executando pequenos trabalhos para ajudar a família, só em 1927 encontrou em Afrâno Moreira de Resende, médico recém-formado de Miraí, o passaporte para a cidade grande. 

Acompanhando o Dr. Afrânio em sua mudança para o Rio de Janeiro, logo se cansou dos serviços que fazia e procurou novos horizontes trabalhando em várias outras atividades. 

Casou-se em 1928, e dos cinco filhos do casal, dois revelaram dotes artísticos: Adeilton e Ataulfo Júnior.

Sua vida musical começou no Bloco Fala Quem Quiser, do Rio Comprido, em 1933, e suas primeiras composições musicais chamaram a atenção do engenheiro de gravações da RCA Victor, Mr. Evans, que imediatamente gravou três de seus sambas: Sexta-Feira, Tempo Perdido e Sonho. Em 1935 gravou Saudades do meu Barracão, e daí por diante seu nome firmou-se em plena ascensão. 

Em 1936, as vozes de Silvio Caldas e Carlos Galhardo colaboraram para o sucesso de Saudade dela, A você, Quanta tristeza.

Já conhecido no meio musical, Ataulfo começou a atrair parceiros como Claudionor Cruz e J. Pereira, mas o seu maior parceiro foi Wilson Batista. 

A dupla Ataulfo-Wilson Batista conquistou os carnavais de 1938 e 1940, com Ó seu Oscar, O Bonde são Januário, Eu não sou Daqui, e outras.

O excelente compositor seguia sua carreira compondo seus sambas, que poucos se atreviam a gravar. Orlando Silva foi responsável pelo sucesso de Errei, erramos, em 1941. Mas Ataulfo resolveu cantar ele próprio suas composições e Leva meu Samba foi sua primeira gravação como cantor. Pegaria verdadeiro gosto pela interpretação em 1942 cantando Saudades da Amélia!, um clássico composto em parceria com Mário Lago, depois de nenhum cantor querer gravá-lo.
                                 SAUDADES DA AMÉLIA
                                       Ataulfo Alves - Mário Lago

Nunca vi fazer tanta exigência,
Nem fazer o que você me faz.
Você não sabe o que é consciência,
Nem vê que eu sou um pobre rapaz.
Você só pensa em luxo e riqueza,
Tudo o que você vê você quer,
Ai, Meu Deus, que saudade da Amélia,
Aquilo sim, é que era mulher...
Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer.
E quando me via contrariado
Dizia: Meu filho, que se há de fazer?
Amélia não tinha a menor vaidade,
Amélia é que era mulher de verdade!
Amélia não tinha a menor vaidade,
Amélia é que era mulher de verdade!

Sua voz era afinada mas modesta, e o recurso do coro com vozes femininas deu origem ao conjunto que Pedro Caetano batizou provisoriamente de "Ataulfo Alves e suas Pastoras" mas que se tornou sua marca registrada. Ao conjunto "Ataulfo e suas Pastoras" deve-se o sucesso de muitas gravações nos anos seguintes. 

Dessa fase temos Leva meu samba, Oh! Seu Oscar, Vai, mas vai mesmo, Sei que é covardia, mas..., Meus tempos de criança, Bonde de São Januário, Vida da minha vida, Mais um samba popular, Não posso viver sem ela entre as mais conhecidas.

Suas composições têm um quê de tristeza, o que torna inconfundível a música de Ataulfo Alves, na análise de Mario Lago, seu grande parceiro.

Em 1954, compôs para um show na boate Casablanca, então o point da Praia Vermelha, um de seus maiores sucessos: Pois é, que mereceu uma tela pintada por Pancetti, em sua homenagem. Agradecido, Ataulfo compôs Lagoa Serena dedicando-a a Pancetti, e este retornou a homenagem oferecendo a tela a Ataulfo. O quadro "Lagoa Serena" está desaparecido, enquanto "Pois é" permanece em poder da família. Gravado só em 1955, Pois é tornou-se uma das obras inesquecíveis do compositor.

Em 1957 compôs o samba que melhor refletiu seu estilo nostálgico e melancólico: Meus tempos de criança, interpretado até hoje por quase todos os grandes cantores nacionais.

Ataulfo participou da caravana que Humberto Teixeira organizou em 1961 para divulgar a música brasileira na Europa. Entre as músicas dos shows, duas inéditas que fizeram sucesso posteriormente: Mulata Assanhada e Na cadência do Samba.

Um acontecimento nessa excursão mexeu com o coração do sensível Ataulfo. Numa apresentação em Estocolmo, antes de começar a cantar, um grupo na platéia entoou Saudades da Amélia, levando o cantor-compositor a chorar de emoção.

Também lhe coube representar o Brasil no 1º Festival Internacional de Arte Negra em Dakar, Senegal, em 1966.
O advento da bossa-nova envolveu Ataulfo em uma parceria com Carlos Imperial, e das muitas músicas produzidas, Você passa eu acho graça foi o maior sucesso. A gravação de Ai, que saudade da Amélia junto com Roberto Carlos é histórica.

Amélia dos Santos Ferreira - a musa inspiradora do clássico Ai, que saudade da Amélia, faleceu aos 91 anos de idade, em 27 julho de 2001, e era na época da composição a empregada da cantora Aracy de Almeida.

Em 1967 Laranja Madura conquistou o público de imediato.
De gestos finos e muito educado, Ataulfo Alves foi apontado pelo colunista social Ibrahim Sued como um dos homens mais elegantes do Brasil. 

Chegou a ter sua própria editora por volta de 1961, e soube empregar o dinheiro que ganhou, adquirindo bens que lhe permitiram viver tranquilamente.

Das curiosidades de sua vida, costumava "reger" seu conjunto com um lenço branco e esse lenço foi passado a seu filho Ataulfo Junior em 1965, quando sentia-se já enfraquecer por conta da úlcera duodenal que o levou em 1969, pouco antes de completar 60 anos.

Compôs mais de 320 músicas, e é apontado como uma das maiores produções da música popular brasileira em número e também em sucessos. Até falecer continuava em evidência, fato raro entre os compositores de sua geração.

Em Miraí, a rua onde morava recebeu seu nome, e a cidade prestou-lhe altas homenagens em 1 de maio de 1962.

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