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sábado, 21 de setembro de 2013

BÉLA BARTÓK - BIOGRAFIA

             

                    Bartók : Sem modismos, inovação na música Húngara
25 de março de 1881, Nagyszentmiklós (Hungria), hoje Sânnicolau Mare (Romênia) 
26 de setembro de 1945, Nova York (EUA)
                                            
Béla Viktor János Bartók aprendeu música e piano com a mãe, a partir dos cinco anos. Aos oito, perdeu o pai. Estabeleceu-se desde 1894 em Pozsony, um centro cultural importante, onde fez estudos musicais regulares, embasamento técnico de sua atividade criativa.

Bártok realizou, a partir de 1905, em companhia de seu amigo Zoltán Kodály, a pesquisa sistemática da música popular húngara, revelando-a completamente diversa da que se divulga como tal, ocidentalizada e bastante desfigurada pelos músicos ciganos.

Esse levantamento, criterioso e objetivo, daria a matéria-prima fundamental de sua obra, particularmente de 1926 em diante, quando esta amadurece e adquire feição inteiramente original.

Anteriores a esse período, não obstante de mérito e importância indiscutíveis, são os quartetos para cordas nº 1 e nº 2, bem como inúmeras peças para piano, entre as quais o célebre "Allegro barbaro", e a ópera em um ato "O Castelo de Barba Azul", cuja rejeição, por parte do público e de organizações musicais da Hungria, levou o compositor a fundar, juntamente com Kodály e outros jovens, a Sociedade Musical Húngara, infelizmente de curta duração.

Seguem-se o bailado "O mandarim milagroso" e as duas sonatas para violino e piano, produções em que a tonalidade se apresenta progressivamente mais livre e se afirma uma forte tendência, expressionista, que se abrandaria na "Suíte de danças", composta especialmente para as festas de celebração do 50º aniversário da união das cidades de Buda e Pest.

A pouca receptividade dos conterrâneos e do público em geral para com as produções mais acentuadamente modernas do mestre húngaro se reduz ao final da Primeira Guerra Mundial, quando suas obras são publicadas e ele se dedica, ainda mais ativamente, à obstinada prospecção folclórica não apenas da Hungria, como da Bulgária, da Eslováquia e da Romênia.
 

Obras geniais


Alguns anos depois se inicia a fase de maior fecundidade em toda a sua carreira. Surge o "Concerto para piano nº 1", estranho, profundamente individual, o "Quarteto para cordas nº 3", de inusitado expressionismo em um único movimento, o "Quarteto para cordas nº 4", a "Cantata profana" e o "Concerto para piano nº 2".

Bartók se encontra, então, em plena posse de suas características e recursos mais notáveis. Sua música adquire uma vitalidade como que atávica, onde as raízes e ressonâncias telúricas, as aspereza dos ritmos, o tom instintivo e bárbaro recebem, todavia, um tratamento de extremo rigor e artesanal severidade nas técnicas adotadas.

O compositor virtualiza, recria em novas bases o manancial anônimo e popular, edificando uma linguagem de música erudita que, por um lado, preserva a densidade essencial de um inconsciente coletivo e, de outro lado, se submete a uma disciplinada e vigorosa consciência estética.

Bartók filtrou e sintetizou o que de melhor existia, no seu tempo, de técnica e estilística musical. Nesse sentido, fundiu a uma longa tradição de música universal os elementos de sua valiosíssima vivência particular, após todo o processo de catalisação cultural a que soube submetê-la.

É de 1934 o "Quarteto para cordas nº 5", uma de suas obras-primas, a de mais fascinante modernidade, trazendo o clímax da técnica de contraponto que o compositor vinha desenvolvendo sobretudo nos últimos oito anos.

Nos anos seguintes, comporia, dentre outras peças magistrais, o "Concerto para violino", em que a pujança e a delicadeza se contrastam, se completam, a cada instante, com uma originalidade admirável.

Autenticamente democrata, Bartók recusa-se a permanecer em seu país quando o nazismo se instala no poder. Em 1940 estabelece-se nos EUA. Em 1945, precário de saúde e de bens materiais, não deixou de compor e trabalhar no hospital onde morreu.

Levaria, contudo, ainda algum tempo para que o mundo pudesse ver em Bartók, na qualidade de uma invenção e inovação musical poderosamente mergulhada nas raízes de sua terra, na indiferença a todos os modismos, nas novas sonoridades de sua orquestração, assim como no rigor intelectual, e na estrita honestidade artística, um dos maiores gênios musicais da primeira metade do século 20, e um dos mais completos de todos os tempos.

Enciclopédia Mirador Internacional
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terça-feira, 17 de setembro de 2013

ANTÔNIO BANDEIRA - BIOGRAFIA

                                             
                                       ANTÔNIO BANDEIRA
Nasceu em Fortaleza - Ceará - Brasil, em 1922.
Fundou com os pintores de Fortaleza o centro cultural cearense de Belas Artes, até hoje S.C.A.P. (Sociedade de Artes Plásticas), onde realizavam exposições permanentes e faziam um "Salão". Em 1945 vem para o Rio de Janeiro, sendo distinguido pelo adido cultural da França com uma bôlsa de estudos em Paris aos auspícios do governo francês, depois de ter apresentado uma mostra individual no Instituto de Arquitetos do Brasil.
                                      
Desenha no atelier do Professor Narbone e grava no do Professor Galanis, na "École Nationale Supérieure des Beaux Arts", desenha livremente na "Académie de la Grande Chaumiere". Pinta sòzinho na "Cité Universitaire", na mansarda (água-furtada) do Quartier Latin e no atelier do Parc Montsouris, frequentando os pintores de Montparnasse. 
                                  
Passa a frequentar Saint-Germain des Prés, ligando-se a Wols e Bryen, e formam o "BANBRYOLS" (Ban de Bandeira, Bry de Bryen e Ols de Wols), grupo que realmente nunca expôs junto devido à morte do último componente. 
Até 1950 vive completamente integrado entre os pintores da chamada "École de Paris".
                                           
Volta ao Brasil, onde expõe e executa pinturas murais até 1954. Ganha o Prêmio de Viagem ao País no Salão de Arte Moderna. Regressa a Europa com o Prêmio Internazionale Fiat di Torino, obtido na II Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. 
                                                
Instala-se definitivamente em Paris, com uma estadia em Bruxelas durante a Exposição Internacional de 1958.
Em 1959 volta ao Brasil. Em 1960 inaugura com uma exposição individual o Museu de Arte Moderna da Bahia e toma parte na delegação brasileira à Bienal de Veneza. Expôs no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, na 5ª Bienal de São Paulo e na XXX Bienal de Veneza.
                                               
Depois da primeira exposição de Fortaleza, em 1942, Antônio Bandeira participou das maiores exposições coletivas internacionais; das Bienais de Veneza e de São Paulo, do Salon de Mai, do Salon Realités Nouvelles, "de 50 anos de Pintura Abstrata", do "Salon D'Art Libre", bem como tem realizado exposições individuais em Paris, Londres, New York, estando suas obras espalhadas em museus e galerias européias e americanas e em várias coleções particulares.

(TEXTO DE ANTÔNIO BANDEIRA)
Primeiro me deram de presente as nuvens, depois um sunga de veludo vermelho, e aí começou a nascer uma liberdade imensa.
Infância girou em tôrno de árvore, era um sólido f'lamboyant vermelho, preto e amarelo que um dia se tornaria em quadro, ou melhor, em seqüência dêles, em pintura, talvez.


Nesse momento nuvens, mar e árvore já formavam um crepúsculo plástico, um nascimento ou uma morte, uma natividade.

A feia humanidade viria depois, e aureolada com os feitos da vida - sofrimento e glória - nem era tão feia assim.

Houve até uma compaixão pictórica, tudo se metamorfoseava em belo. 
A escôlha dos temas enchia o coração do homem e a superfície da tela.
Com o correr dos tempos tôda essa humanidade foi se dando a mão, formando ciranda, como uma linha, uma geometria, um desenho, até se tornar em quadro, digo pintura, porque um quadro é um antecedente do quadro presente, continuando no quadro que vem depois. 
Uma visão do passado, presente e futuro, cadinho de emoções. E falando em cadinho me vem logo à mente a fundição de meu pai, cadinho de raças, carinho de ferro e bronze, carinho também de carne e alma.
Falando ainda em cadinho creio que fundindo homens e bichos, cidades, trens, navios, árvores e lixo, remexendo bem como no disco de Newton, se poderá conseguir uma confusão ou receita psicoplástico-poética que não é nada e é tudo. Diante dessa emoção o homem não deve rir nem chorar, apenas ficar calado. Assim como chuva, nuvens e balão, da guerra não, do céu caindo, sôbre as flores, pela escada, pelo chão, uma mulher parindo.
Depois vem a grande cidade (estamos nela sempre), mas guardamos e conversamos sempre uma certa paisagem longínqua. Infância, objetos, música, perfumes, sêres passados acontecidos ou vividos, ficam eternamente conosco, como conteúdo vivo, como pureza. 
A imensa cidade do dia e da noite, entre atormentada e tranqüila, próxima e distante - para sofrimento e pedaços de felicidade nossa - essa mesma cidade, que as vêzes de tão grande que é, vira uma pequena província.
O campanário de Saint-Germain des Prés recordando as vêzes um outro, o da Igreja de São Benedito, de Fortaleza, onde íamos jogar bola de pano, aproveitando da sombra mansa do oitão do Templo (e nem sabíamos que estávamos num Templo... só hoje). "Lá Tonnelle", o "Bistrot" dos Clochards", com plantas verdinhas parecendo a latada de maracujá do quintal lá de casa. Era verão, havia pombas no chão. Paris era lindo, mais que lindo: era cruel e humano.
Agora vem o vazio, à noite, o minuto da criação, a função da inspiração e transpiração dosada de poesia, o equilíbrio físico e moral. 
A superfície vírgem deve dialogar com o homem.
Devemos purificar, sofrer, rasgar, acarinhar, transformar a matéria vegetal. 
Água ou óleo ou terebentina ou espátula ou pincel amolece, açoita, martiriza a superfície em criação. 
É quase roupa branca se amoldando à manufaturação do homem. 
O enxugamento, o quarador, a côr, o sol, o cérebro, a mão, e enfim o sentimento de uma mensagem transmitida.

Antônio Bandeira
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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

AUGUSTE HERBIN - BIOGRAFIA

                                           
                                                                     AUGUSTE  HERBIN

Auguste Herbin, filho de um operário, nasceu em uma pequena aldeia perto da fronteira com a Bélgica em 29 de abril de 1882. 

Este fundo é refletida na pintura do artista francês do norte com sua abordagem racional e caráter explícito da classe trabalhadora. 

                                      

Antes de se estabelecer em Paris, onde ele entrou para os impressionistas e, posteriormente, os fauvistas, Herbin assistiram à Ecole des Beaux Arts de Lille a partir de 1900 em diante. 
                                       
                                          

Seu estúdio foi situado ao lado de Braque e Picasso, permitindo um estudo aprofundado do cubismo, o que resultou em primeiras pinturas cubistas em 1913. 

                             

Em 1917, ele mudou-se para, numa fase geométrica abstrata antes gradualmente descobrindo Construtivismo. Houve uma curta interrupção nesse desenvolvimento, em 1922, quando o pintor retornou brevemente à pintura figurativa. 

                                          

Em 1929 Herbin foi co-fundador do 'Salon des Surindépendants ". Dois anos depois, ele fundou a associação artista "Abstraction-Création", juntamente com Vantongerloo com quem ele publicou Almanach do grupo até 1937. 

                                         

Depois da guerra, o artista foi o co-fundador e vice-presidente - a partir de 1955, também o presidente - do "Salon des Réalités Nouvelles". De 1938 a sua participação no Trecento italiano levou a Herbin, um estilo de pintura estritamente bidimensional mais concreto com formas geométricas simples. 

                                              

Em 1946 foi desenvolvido o 'alfabeto plastique', um sistema de composição com base na estrutura de cartas. Ele publicou este sistema de composição, bem como as suas teorias de cores - em parte derivado do Goethe 'Farbenlehre' - em seu "L'art non-figuratif não objectif 'em 1949. 

A paralisia lateral, em 1953, obrigou o artista a aprender pintura com a mão esquerda. 

Abordagem de arquitetura típica do Herbin e seus efeitos de cor fez o seu trabalho de pré-guerra amplamente conhecido no mundo da arte internacional - um sucesso que continuou após a guerra. 

Herbin obras expostas na documenta nos anos 1955-1972. Havia uma grande exposição no Museu Guggenheim, em Nova York, em 1979, e teve trabalhos na exposição 'Positionen Unabhängigen Kunst in Europa hum 1937' no Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, em Düsseldorf em 1987. 

Herbin morreu em Paris em 31 de janeiro de 1960. Uma pintura permaneceu inacabado - era chamado 'Fin'.


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