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sábado, 28 de dezembro de 2013

ARY BARROSO - BIOGRAFIA

                                          
                                                         ARY BARROSO

Ary Evangelista Barroso nasceu em Ubá, Minas Gerais, dia 07 de novembro de 1903. Seu pai, o Dr. João Evangelista Barroso, foi deputado estadual e promotor público em Ubá. Após a morte de sua mãe, Angelina de Resende Barroso e de seu pai, ambas ocorridas em 1911, Ary passou a ser criado pela avó, Gabriela Augusta de Rezende, e por uma tia, Rita Margarida de Rezende. Tia Ritinha era professora de piano e durante muito tempo ensinou-o a Ary. Essas aulas acabaram por ajudar no ganha-pão da família. Aos doze anos, Ary começou a trabalhar como pianista auxiliar no Cine Ideal, apesar do empenho da avó e da tia em fazê-lo padre.

Ary estudou, inicialmente, na escola pública Guido Solero. Depois de passar por várias escolas da zona da Mata, acabou concluindo o curso no Ginásio de Cataguases. Aos 15 anos, Ary compôs o cateretê "De longe" e a marcha "Ubaenses Gloriosos". Aos 17 anos, em 1920, Ary recebeu de seu tio Sabino Barroso, ex-ministro da Fazenda, uma herança de 40 contos de réis e resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro. Lá, em 1921 , Ary matriculou-se na Faculdade de Direito e acabou gastando sua herança nos melhores restaurantes, com as melhores bebidas e trajando as roupas mais elegantes. Em 1922, reprovado na faculdade e já sem dinheiro, Ary teve de trabalhar, fazendo fundo musical para filmes mudos bo cinema Íris, no Largo da Carioca.Como era bom pianista, em 1923 Ary passou a tocar com a orquestra do maestro Sebastião Cirino, na sala de espera do Teatro Carlos Gomes. Em 1926 Ary voltou ao curso de Direito, porém sem deixar a atividade de pianista de lado. Como estava desempregado, Ary oferecia-se para tocar em bailes por um preço irrisório até que, em 1928, foi contratado pela orquestra do maestro Spina, de São Paulo, para uma temporada em Santos e Poços de Caldas. Foi nessa época que Ary resolveu dedicar-se à composição.

De 1928 são suas composições "Amizade", "Não vou lá", "Segura a fazenda", "O tal bichinho" e "Tu queres muito" e, ainda, "Amor de mulato", "Cachorro quente" e "Oh! Nina", em parceria com Lamartine Babo; "Mazinha", com Ari Kerner; "Meu pampa lindo", com Zeca Ivo; e "Não posso mais", com I. Kolman. ; Durante os oito meses de viagem, compôs várias músicas.

Em 1929 já de volta ao Rio de Janeiro, Ary deixou suas músicas na casa editora Carlos Wehrs, de onde duas - "Vamos deixar de intimidade" e "Vou à Penha" - foram levadas por Olegário Mariano e Luís Peixoto para serem incluídas na revista 'Laranja da China', que era apresentada no Teatro Recreio. "Vamos deixar de intimidade" acabou sendo gravada por seu amigo e colega de faculdade Mário Reis, transformando-se no primeiro sucesso de Ary Barroso. Em 1929 Ary concluiu seu curso de Direito e compôs, em parceria com Cardoso de Menezes e Bitencourt, "O amor vem quando a gente não espera" e em parceria com Olegário Mariano, "Tu qué tomá meu nome".

Ainda nesse ano Ary compôs os sambas "É banal", "Nini" e "Vá cumprir o teu destino", a valsa "Labaredas de amor" e a marcha "Dá nela", que, por incentivo de Eduardo Souto, foi inscrita no concurso de músicas carnavalescas da Casa Edison para o carnaval de 1930. A música obteve o primeiro lugar. Com o prêmio de 5 contos de réis, Ary pagou algumas dívidas. Com o que sobrou, pode se casar com Ivone Belfort de Arantes. Ainda em 1930 Ary compôs as canções "Como se deve amá", "Quanto num chorei" e "Teus óio", a marcha "Eu sou do amor", o samba-canção "Fugiu, fugiu!" e os sambas "Oba!" e "Samba da gelatina" e também a marcha "Dona Alice" e os sambas "Juramento", "O nego no samba" e "Samba de São Benedito" em parceria com Marques Porto e Luís Peixoto; o samba "No morro (eh! eh!)" e o foxtrote "Sapateado", em parceria com Luís Eglésias; o samba "Outro amor", em parceria com Claudionor Machado; e o samba "Você não era assim", em parceria com Aricles França. Em 1931 Ary produziu várias composições para o teatro musicado, destacando-se "Faceira", lançada por Sílvio Caldas na revista 'Brasil do Amor', que estreou em maio, no Teatro Recreio.

Em junho, era encenada, no mesmo teatro, a revista "É do balacobaco", na qual estava incluída, entre outras, a música de Ary "Na grota funda", com letra do caricaturista J. Carlos. Na estréia estava presente Lamartine Babo que impressionado com a música, resolveu escrever outra letra para a melodia. Nascia, assim, "No rancho fundo", lançado dias depois no programa que Lamartine comandava na Rádio Educadora do Rio de Janeiro. Ainda desse ano são suas composições "Bahia", "Batuque", "Benzinho", "Cavanhaque", "Deixa disso", "É bamba", "E do balacobaco", "É de outro mundo", , "Não faz assim meu coração", "Por causa do boneco", "Rosalina", "Seu Manduca esfarrapado", "Sou da pontinha", "Tenho saudade", "Terra de laiá" e "Vai tratar da tua vida" e ainda "Gira", em parceria com Marques Porto; "Mão no remo", com Noel Rosa; "Não quero você" e "O sabiá de sinhá moça", com os Irmãos Quintiliano; "Nega baiana", com Olegário Mariano; "Quem me compreende", com Bernardino Vivas; "Sai, barbado", com Ainejeré; e "Sem querer...", com Marques Porto e Luís Peixoto. Em 1932, convidado por Renato Murce, Ary foi para a Rádio Philips. Começou como pianista e logo se tornou locutor, inclusive esportivo, humorista e animador. Apresentou-se no programa 'Horas de Outro Mundo' e no programa "Casé". Nesse mesmo ano ainda compôs "Aula de música", "De longe", "É mentira, oi", "Isso é xodó", "Malandragem", "Na Piedade", "Nosso amô veio dum sonho", "Pobre e esfarrapada", "Primeiro amor", "Um samba em Piedade" e "Sonhei que era feliz".

Em parceria com Luís Peixoto, compôs "Maria"; com Haroldo Daltro, compôs "Menina que tem uma pose"; com Lamartine Babo, "Minha palmeira triste"; com Claudeniro de Oliveira ,"Não posso acreditar"; com SíIvio Caldas, "Pente fino"; com Norival de Freitas, "Recordações"; e com Luciano Perrone compôs "Vou deixá o batedô". De 1933 são suas composições "Amor fatal", "Cabrocha inteligente", "Eu vou pra Maranhão", "Falta de consciência", "Flor de inverno", "Quando a morte vem chegando" e "Segura esta mulher" e, ainda, "Nego também é gente", feita em parceria com De Chocalat, e "Zombando da vida", composta em parceria com Márcio Lemes Azevedo. Em 1934, depois de ter ido à Bahia como pianista da orquestra de Napoleão Tavares, Ary criou, na Rádio Cosmos de São Paulo, o programa Hora H.

Nesse mesmo ano compôs "Anistia", "Bateram na minha porta", "Caco velho" "Cavalhada franciscana", "Correio já chegou", "Duro com duro", "É assim que se vai no arrastão", "Malandro sofredor", "Moçoró, minha nega", "Perdão", "Por especial favor", "Sentinela alerta" e "Tu". Também com Osvaldo Santiago, compôs "Balão que muito sobe"; com José Carlos Burle, "Caboca"; com Oduvaldo Viana, "Canção da Felicidade"; com Noel Rosa, "Estrela da manhã"; com Francisco Alves, "Meu Natal"; e com Luís Peixoto, "Neném" e "Na batucada da vida", regravada por Elis Regina em 1974, contribuindo para tornar ainda mais amarga a mensagem da composição. Em 1935 Ary Barroso levou o programa Hora H para a Rádio Cruzeiro do Sul, do Rio de Janeiro, e também estreou como locutor esportivo, auxiliando Gagliano Neto na transmissão de corridas de automóvel, no circuito da Gávea. Como locutor de futebol, Ary ficou famoso por tocar uma gaita de boca toda vez que era marcado um gol e também por sua parcialidade em favor do Flamengo. As múltiplas atividades desenvolvidas não sufocaram o compositor Ary Barroso. Pelo contrário, ele ia se tornando um dos mais férteis autores da MPB, revelando novos sucessos a cada ano. Com Nássara, ele compôs "Dona Helena" e "Garota colossal"; com Lamartine Babo, "E o samba continua", "Grau dez" e "Na virada da montanha"; com Luís Peixoto, "Por causa dessa caboca"; e com Kid Pepe, compôs "Mulatinho bamba". Ainda em 1935, Ary Barroso compôs "ABC do amor", "Anoiteceu", "É pra frente que se anda", "Eu sonhei", "Foi ela", "Menina tostadinha", "Nosso ranchinho", "Os quindins de Iaiá", "Sobe meu balão" e "Inquietação", lançado por Sílvio Caldas naquele ano e regravado por Gal Costa em 1980.

A extraordinária linha melódica de "Inquietação" é considerada uma das elaborações mais perfeitas de Ary Barroso. Em 1936 Ary Barroso compôs as marchas "A casa dela", "Esta noite sonhei com você", "Paulistinha querida" e "Viu..." os sambas "Minha maior ilusão", "Sem ela", "Sonho de amor" e "Volta meu amor"; a batucada "Deve ser o meu amor" e, ainda, a marcha "Cachopa", em parceria com Luís Peixoto; a marcha "Chiribiribi quá-quá", com Nássara; a marcha "Chopp em garrafa", com Bastos Tigre; e o "Hino do Colégio de Cataguases", com Tostes Malta. Em 1937 Ary Barroso lançou o programa 'Calouros em Desfile', na Rádio Cruzeiro do Sul, que depois foi levado para a TV Tupi. Nesse programa Ary exigia que os candidatos cantassem somente música brasileira e que anunciassem corretamente o nome dos compositores.

Na TV Tupi, Ary instituiu o gongo, tocado para desclassificar os candidatos muito ruins. Mas o gongo silenciou diante de nomes como Ângela Maria e Lúcio Alves, dois dos muitos grandes intérpretes que ali se lançaram. São também de 1937 suas composições "Confissão de amor", feita em parceria com Joraci Camargo; "Janjão e Zabé", em parceria com Paulo Roberto e, ainda, as composições "Amar", "Carioquinha brejeira", "Colibri", "Como vaes você", "Foi de madrugada", "Quem é o homem", "Uma futura lágrima", "Não se deve lamentar", "Novo amor", "Olha a lua" e "No tabuleiro da baiana", que foi composta para um espetáculo do Teatro Recreio, no Rio de Janeiro, e Ary acabou vendendo os direitos da composição para Jardel Jércolis, que a explorou em espetáculos teatrais.

Mais tarde, quando esse 'samba-batuque' passou a ser sucesso no Cassino Atlântico, na interpretação de Grande Otelo e Déo Maia, Ary Barroso requereu e obteve judicialmente a propriedade da música. Em 1938 Ary Barroso foi para a Rádio Tupi, onde atuou o comentarista, humorista, ator e locutor. Nesse ano aindacompôs, em parceria com Luís Iglesias, "Boneca de pixe"; com Alcyr Pires Vermelho, "A casta Suzana" e "O meu dia há de chegar"; com Gomes.Filho, "A cigana lhe enganou"; e com Luís Peixoto, "Quando penso na Bahia". São também de 1938 suas composições "Circo de cavalinhos", "Como as ondas do mar", "De déu em déu", "Ela sabe e não diz", "Escreva um bilhetinho", "Eu dei..." "Meu amor não me deixou", "Pois sim!,., pois não!", "Salada mista", "A única lembrança", "Vão pro Scala de Milão", "Você está aí pra isso?" e "Na baixa do sapateiro", que foi gravado por Carmen Miranda, mas só obteve sucesso no Brasil depois de ter chamado a atenção do mundo na trilha sonora do desenho 'Você já foi à Bahia?', de Walt Disney. Este samba-jongo deveria chamar-se 'Bahia', nome que Ary conservou nas edições estrangeiras, mas acabou por denominá-lo "Na baixa do sapateiro", para não confundir essa música com sua outra "Bahia", composta em 1931.

Em 1939 Ary Barroso lançou, no espetáculo 'Joujox et balagandans', de Henrique Pongetti, o samba "Aquarela do Brasil", iniciador do samba-exaltação, de melodia extensa e sempre apoiado em grande aparato orquestral - gênero que se acreditava destinado à conquista do mercado internacional da música popular; "Aquarela do Brasil" só teve sucesso depois da gravação feita por Francisco Alves. Ainda nesse ano, compôs, em parceria com Noel Rosa, "De qualquer maneira" e, em parceria com Alcyr Pires Vermelho, "E a testa, Maria?", "Vingança" e "A vizinha das vantagens". São ainda de 1939 suas composições "Batalhão de amor", "Quando a noite é serena", "Viver assim não é vida" e "Camisa amarela", grande sucesso na gravação original, na voz de Aracy de Almeida, sendo regravado, depois, pela própria Aracy e por vários outros intérpretes. Em 1940 Ary Barroso compôs os sambas "Deixa esta mulher sofrer", "Eu gosto do samba" e "Nunca mais"; as marchas "laiá boneca" e "Upa... upa... (Meu trolinho)" e a valsa "Mentira de amor" e, também, a marcha "Pega no pau da bandeira", em parceria com J.Castro; o samba "Se Deus quiser" e a marcha "Veneno", com Alcyr Pires Vermelho; e o samba "Vespa", em parceria com Malfitano.

Em 1943 compõe Pra machucar meu coração" e "Terra seca" e as marchas "Cem por cento brasileiro" e "Quem cabras não tem...". No início de 1944 Ary Barroso foi, pela primeira vez, aos Estados Unidos e compôs, para o filme 'Brasil', a música "Rio de Janeiro", que chegou a ser indicada para o Oscar. Também de 1944 são suas composições "Diz que dão", "Na parede da igrejinha" e "Olhos divinos". Nesse mesmo ano surgiu a Sociedade Brasileira de Autores, Compositores e Escritores da Música - SBACEM, da qual Ary foi, praticamente, o primeiro presidente. Pelo trabalho que realizou em defesa do direito autoral, Ary foi aclamado Presidente de Honra e Conselheiro Perpétuo dessa entidade. No final de 1944 Ary Barroso voltou aos Estados Unidos, onde permaneceu por oito meses, ganhando mil dólares por semana.

Dessa vez compôs a canção-tema do filme 'Três Garotas de Azul'. Em 1945 Ary compôs, em parceria com Juan Daniel, a valsa "Cuatro palabritas". Ary voltaria ainda mais urna vez à América do Norte, em 1945, para musicar "O Trono das Amazonas", que teria 18 composições suas e que não chegou a ser encenado, porque o produtor faliu pouco antes da estréia. Em 1946 Ary Barroso se candidatou a vereador no Rio de Janeiro, pela União Democrática Nacional e teve a segunda maior votação da Câmara de Vereadores do então Distrito Federal. Ary só perdeu para Carlos Lacerda. O talento de polemista de Ary e a mesma paixão com que irradiava partidas de futebol foram levados para a política. Sua grande batalha foi a do local onde seria construído o Maracanã. Carlos Lacerda queria que o enorme estádio fosse erguido na restinga de Jacarepaguá, mas Ary conseguiu que o local aprovado fosse o terreno do Derby Club. Para isso, Ary realizou diversas manobras: para conseguir o apoio da bancada majoritária, a do Partido Comunista Brasileiro, com 18 vereadores, Ary pediu, junto com João Lyra Filho, uma pesquisa ao IBOPE, cujo resultado apontou que 88% da população queria o estádio no terreno do Derby, onde, aliás, acabou sendo construído.

Também de 1946 são seus sambas "Assobia um samba" "Bahia imortal" e "Eu nasci no morro". Em 1947 Ary Barroso compôs o samba "Deixa o mundo falar" e a marcha "É pão, ou não é?" De 1948 são suas composições "Grave revelação", "Mal-me-quer, bem-me-quer", "Podes ir, meu amor", "Rio" e "Falta um zero no meu ordenado", esta em parceria com Benedito Lacerda. Em 1950 aparecem os sambas "Aquarela mineira", "O Brasil há de ganhar", "Chama-se João", "Forasteiro" e "Vai de vez", as marchas "Flor tropical" e "No jardim dos meus sonhos" e ainda o samba "Carne seca com tutu", em parceria com Vilma Quantiere de Azevedo. De 1951 são os sambas "Ai, Geni", "laiá da Bahia" e "Na beira do cais"; os choros "Chorando" e "Sambando na gafieira"; a marcha "O mar também conhece"; o samba-canção "Plena manhã" e, também, o samba-canção "Mentira", feito em parceria com Augusto Jaime de Vasconcelos, e o samba "Primavera", feito em parceria com Lúcia Alves Calão. Ary Barroso sempre esteve em campo para promover a música brasileira. Em seus programas prestigiava os calouros que apresentavam canções do repertório nacional. Tinha horror aos acordes americanos em samba. Nas várias vezes em que esteve no exterior, preocupou-se em levar o samba autêntico.

Quando, em 1952, compôs o samba-canção "Risque", teve de brigar para que não fosse gravado como bolero. A primeira gravação de "Risque" Foi de Aurora Miranda, irmã de Carmen Miranda; mas foi na voz de Linda Batista que o samba-canção teve sucesso. Com Iraci N. Silva, Ary compôs, em 1952, o samba "Cruel resistência". Também de 1952 são suas composições "Fechei a página", "Flores mortas", "Laço branco", "Nada mais me consola", "O nosso amor morreu" e "Folha morta", gravado por Dalva de Oliveira para a Odeon, em Londres, e lançado no Brasil com sucesso imediato. Quatro anos mais tarde, "Folha morta" foi gravada por Jamelão, na Continental, reeditando o sucesso da música e confirmando, mais uma vez, o bem-sucedido de Ary Barroso no gênero samba-mórbido. A princípio Ary Barroso não gostava da bossa nova, mas isso não o impediu de colocar "A Felicidade", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, entre as dez melhores músicas populares de todos os tempos.

Assim era Ary: impulsivo, orgulhoso, sempre pronto a criticar abertamente o que julgasse errado. Logo, seu encontro com o compositor Villa-Lobos só podia dar no que deu: briga. Num concurso de música, Villa-Lobos negou a Ary o primeiro lugar, que muitos achavam ser ele merecedor. Isso bastou para que rompessem relações. No dia 7 de setembro de 1955, Ary e Villa-Lobos se encontraram no Palácio do Catete, para receber a Ordem do Mérito, que lhes havia sido concedida pelo Presidente da República, Café Filho. Foi então que Davi Nasser, vencedor do concurso gerador do ressentimento, contou a Ary que havia ganhado o prêmio porque Villa-Lobos sabia das dificuldades que Davi atravessava na época e tinha resolvido ajudá-lo. Us dois gênios geniosos se abraçaram e acabou-se o desentendimento. Em 1957 Ary foi homenageado com o espetáculo 'Mr. Samba', do produtor Carlos Machado. Montado na boate Night and Day, do Rio de Janeiro, o roteiro do show sugeria sua biografia, utilizando suas próprias composições. 

Desse ano são suas composições "Colombinas fracassadas", "Grand monde do crioléu", "Mês de Maria", "Não quero mais", "Não quero saber", "Nega nhanhá", "Só", "Vem cá, Mané" e, ainda, "Vou procurar outro bem", em parceria com Nestor de Holanda e "É luxo só", em parceria com Luís Peixoto. Em 1958 Ary Barroso compôs os sambas "Essa diaba", "Eu fui de novo à Penha" e "Você fracassou" e a valsa "Sombra e luz". De 1959 é o samba-canção "Cantiga de enganar tristeza', composto em parceria com Tiago de Melo. Em 1960 Ary Barroso foi vice-presidente do departamento cultural e recreativo do Clube de Regatas Flamengo. São também de 1960 suas composições "Dois amigos", "Jogada pelo mundo" e "Pierrô" e, ainda, "Esquece" e "Samba no céu", feitas em parceria com Meira Guimarães e "Bebeco e Doca", em parceria com Luís Peixoto. Em 1961 Ary adoeceu de cirrose hepática e foi viver em um sítio em Araras, Rio de Janeiro. Mesmo assim, nesse ano, ainda compôs "Canção em tom maior", "Semente do amor", "Tufão" e "Quero voltar à Bahia", esta em parceria com Meira Guimarães.

Em 1962, parcialmente restabelecido, Ary retomou seu programa na TV Tupi, 'Encontro com Ary', transmitido aos domingos. Desse ano é sua composição "Balada da saudade" e as composições, em parceria com Vinícius de Moraes, "Em noite de luar", "Mulata no sapateado", "Rancho das namoradas" e "Já era tempo". Internado na Casa de Saúde São José, com nova crise de cirrose, Ary Barroso parecia recuperar-se no Natal de 1963. Mas sofreu uma nova crise e foi internado no Instituto Cirúrgico Gabriel de Lucena. Ary Barroso morreu pouco antes das 10 horas da noite de 9 de fevereiro de 1964. Mesmo depois de sua morte, Ary Barroso, o compositor brasileiro mais conhecido em seu país e fora dele, continua sendo gravado por grandes e famosos intérpretes, que reconhecem seu extraordinário talento.fonte: Memórias da MPB - Samira Prioli Jayme.




Trechos do livro de Sérgio Cabral intitulado "No tempo de Ari Barroso": Nos seus últimos dias Ary telefona do hospital para o amigo David Nasser:-Estou me despedindo. Vou morrer.-Como é que você sabe, Ary?-Estão tocando as minhas músicas no rádio. No show Eu sou o espetáculo o comediante José Vasconcelos imitava Ary, no momento em que este estaria recebendo um candidato em seu programa Calouros em desfile:
ARI - O que você vai cantar?
CALOURO - Vou cantar um sambinha.
ARI - É sempre assim. Se fosse mambo, não seria um mambinho. Se fosse bolero, não seria bolerinho. Mas samba é um sambinha. 
E que sambinha o senhor vai cantar?
CALOURO - Aquarela do Brasil.

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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

ARCANGELO CORELLI - BIOGRAFIA

                 


                                                           ARCANGELO CORELLI 
                                                  ( Fusignano, Itália 1653 - Roma, Itália - 1713)


Arcangelo Corelli nasceu no dia 17 de fevereiro de 1653 em Fusignano, cidade localizada entre Bolonha e Ravena. Descendia de uma das mais ricas e tradicionais famílias da região.

Foi enviado muito cedo para Faenza onde recebeu educação básica e onde teria recebido as primeiras lições de música de um padre. Continuou os estudos em Lugo e, depois mudou-se para  Bolonha, em 1666.

Em Bolonha o jovem Corelli se familiarizou com o violino e resolveu dedicar-se inteiramente a ele. Com Giovanni Benvenuti e Leonardo Brugnoli ele adquiriu os elementos essenciais da técnica violinística. 

Após quatro anos de estudos, Corelli foi admitido na Academia Filarmônica de Bolonha.

Em 1675, ele já estava em Roma. Nesta época, os nobre de Roma rivalizavam-se em pompa ao patrocinar apresentações artísticas. Entre os grandes mecenas, destacava-se Cristina Alexandra, que se fixara em Roma depois de abdicar de seu trono na Suécia, em 1659. 

Músicos, poetas, filósofos reuniam-se ao redor dela em seu palácio, e era uma honra ser convidado para suas festas.

 Cristina fundou a Academia da Arcádia - a sociedade musical mais fechada da Itália - onde Corelli seria recebido em 1709.

Aos 36 anos, e após a morte de Cristina da Suécia, Corelli passou a trabalhar para o Cardeal Ottoboni, seu maior protetor e grande amigo. 

Homem liberal e apaixonado pelas artes, Ottoboni possibilitou livre trânsito a seu protegido, fornecendo-lhe o tempo e as condições necessárias para que ele elaborasse suas obras com absoluta tranqüilidade.

Sua fama se expandia e estudantes de música vinham de longe para aprender com ele. Corelli já se firmara como um dos nomes importantes da música instrumental.

Corelli morreu durante a noite de 8 de janeiro de 1713. Estava só. Desolado, o Cardeal Ottoboni mandou embalsamá-lo e colocá-lo em um triplo ataúde, feito de chumbo, de cipreste e de castanheiro, e enterrou-o no panteão de Roma, reservado apenas aos pintores, arquitetos e escultores, membros da Artística Congregazione dei Virtuosi al Pantheon.

                                        Sua Obra
Contrariamente à maioria dos grandes nomes da música barroca, Corelli produziu pouco, abordando apenas poucas formas de expressão musical existente em seu tempo. Jamais escreveu para voz. Sua glória repousa inteiramente em seis coletâneas de música instrumental, todas elas dedicadas aos instrumentos de arco.

As quatro primeiras delas dedica-se aos trios, a quinta é o famoso livro de sonatas para violino solo e baixo; e a sexta obra, os doze Concertos Grossos.


A Corelli pertence, entre outros, o mérito de ter favorecido a expansão do concerto grosso e contribuído de modo decisivo para o enobrecimento do violino. 

Derivado da viola, o violino surgiu em meados do século XIV, sempre relegado às festas populares e à idéia de vagabundagem e ao gosto duvidoso. Timidamente introduzido nos salões do início do século XVII, recebeu depois, com Corelli, brilhante tratamento técnico e conquistou definitivamente a corte.

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quarta-feira, 13 de novembro de 2013

ANTÔNIO PARREIRAS - BIOGRAFIA

        
             
                         ANTÔNIO PARREIRAS

Antônio Parreiras (Niterói / Rio de Janeiro, 20 de janeiro de 1860 – Niterói / Rio de Janeiro, 17 de outubro de 1937), pintor, desenhista, ilustrador e professor. Pai do pintor Dakir Parreiras e tio do pintor Edgard Parreiras.



Antônio matriculou-se na Academia Imperial de Belas Artes, mas não concluiu o curso de Paisagem, flores e animais. Trabalhou com cenografia antes de ir estudar na Accademia di Belle Arti di Venezia (Itália), onde se aprofundou nos afrescos de Giotto.



Quando regressou ao Rio de Janeiron fundou a Escola do Ar Livre e começou a escrever críticas de arte para o jornal O Estado de São Paulo – matérias das quais, algumas estão sob o pseudônimo de La Vigne.



Ilustrou capas de livros, recebeu uma medalha de ouro do Cônsul Geral da Suécia e Noruega – concedida pelo próprio rei – em agradecimento pela tela Panorama da Baía de Guanabara tomado da Fortaleza de Santa Cruz, encomenda feita pela colônia sueca.



Recebeu algumas encomendas do presidente Campos Salles para decorar o prédio do Superior Tribunal Federal e fez algumas viagens pela Bahia para aprofundar-se em detalhes necessários para a execução das telas encomendadas pelo presidente.

                   

Em 1902, inaugurou um ateliê de pintura voltado para mulheres e em 1903, organizou uma exposição dos trabalhos das alunas.



Realizou estudos na floresta Amazônica - onde contraiu malária - em Portugal e na França (onde estabeleu um ateliê).



Foi membro da Fundação Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro.



Parreiras foi um artista de superior talento. Sua audácia fez com que seus trabalhos espelhassem sua natureza impulsiva. 


Teve seus trabalhos expostos no Brasil e em diversos países da Europa. Foi um dos poucos artistas nacionais que viveu dos resultados de sua arte.

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sexta-feira, 8 de novembro de 2013

ANTÓNIO FELICIANO DE CASTILHO - BIOGRAFIA

                                                        

                                                 ANTÓNIO FELICIANO DE CASTILHO


                                                  NASCEU EM. - 28 de janeiro de 1800.
                                                                  FALECEU EM.  18 de junho de 1875.

Fidalgo da Casa Real, por sucessão a seus maiores, cavaleiro da antiga Ordem da Torre e Espada; oficial da imperial Ordem da Rosa do Brasil, bacharel formado em cânones pela Universidade de Coimbra, comissário geral de instrução primária pelo método português, que ele criou; sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa, membro do Real Conservatório, vogal do Conselho de Instrução Pública e do antigo Conselho Dramático; sócio da Sociedade Jurídica de Lisboa, e da Literária Portuense, do Instituto Histórico de Paris, da Academia das Ciências e Belas Letras de Ruão, da dos Ardentes de Viterbo, da Academia de História de Madrid, e da Arcádia Romana, com o nome deMemnide Eginense, escritor e poeta, etc.

Nasceu em Lisboa a 28 de janeiro de 1800, onde também faleceu a 18 de junho de 1875. Era filho do dr. José Feliciano de Castilho, médico da Real Câmara e lente de prima da Universidade , e de sua mulher, D. Domicilia Máxima de Castilho.

Era uma criança enfezada, que afinal começava a tomar prometedoras proporções, quando adoeceu gravemente, manifestando sérios sintomas de tísica, receando-se muito que não pudesse salvar-se. Resistiu, porém, e já lia e escrevia quando nos seis anos o sarampo o prostrou novamente no leito, tomando um carácter gravíssimo; ainda teve a fortuna de resistir, mas com a infelicidade de ficar privado da vista, tornando-se inúteis todos os meios empregados pela medicina, especialmente por seu pai, para o livrar da terrível cegueira. 

Custa a acreditar que, aprendendo somente pelo que ouvia ou lhe diziam, Castilho pudesse alcançar tão grande erudição, o conhecimento superficial dumas poucas de línguas, e a ciência da língua portuguesa tanto a fundo, que não é fácil determinar aquilo em que mais primava, nem decidir-se se o poeta era maior que o prosador. 

Acompanhado por seu irmão Augusto Frederico de Castilho, quase da mesma idade, com ele estudou humanidades, se instruiu no conhecimento dos poetas latinos, que foram sempre os seus estudos prediletos, e com ele se matriculou na Universidade de Coimbra, na faculdade de cânones, em que ambos se formaram. 

Foi discípulo do padre José Fernandes, latinista de primeira ordem e poeta muito apreciável, a quem deveu os elementos necessários para adquirir o conhecimento profundo da língua latina, que sempre o distinguiu. 

O seu talento poético começou a desenvolver-se, sendo ainda criança; versejava com a máxima facilidade, e os seus primeiros versos tinham já o cunho melodioso e bocagiano; que foi o característico da sua poesia. Tinha dezasseis anos, quando escreveu e publicou um Epicédio na morte da augustíssima senhora D. Maria I rainha fidelíssima. Esta poesia causou a maior surpresa, por ser firmada por um poeta de tão tenra idade, e sobretudo cego. 

O paço agradeceu a homenagem à memória da soberana, concedendo-lhe uma pequena pensão, que teve apenas o carácter dum aplauso e dum incitamento.
Em 1818 publicou outro poemeto, intitulado: À faustíssima aclamação de s. m. o sr. D. João VI ao trono. Estas duas composições granjearam-lhe o despacho da propriedade duma escrivaninha de ofício de escrivão chanceler e promotor do Juízo da Correição da cidade de Coimbra, cujo lugar, pelo seu natural impedimento, era exercido por seu tio António Barreto de Castilho. Em 1820 publicou uma Ode à morte de Gomes Freire e seus sócios, e nesse ano também imprimiu anonimamente o elogio dramático, 

A Liberdade, para se representar num teatro particular. No sarau realizado na sala dos capelos da universidade em 21 e 22 de novembro de 1820, recitou várias composições, que andam insertas na Coleção publicada em Coimbra. Em 1821 imprimiu o seu poema pseudoclássico Cartas de Eco e Narciso, dedicadas à mocidade acadêmica. 

Em outubro de 1826, sendo provido no priorado de S. Mamede da Castanheira do Vouga seu irmão Augusto, que abraçara o estado eclesiástico, e que era o seu companheiro inseparável, seguiu-o àquela solidão alpestre escondida nas abas da serra do Caramulo. Ali viveu durante oito anos. Os tempos eram difíceis, as perseguições políticas começaram pouco depois, seguiu-se-lhes a guerra civil; os seus ecos dolorosos chegavam por vezes aos recôncavos daquele retiro; seguia-os o susto, o sobressalto, a inquietação do espírito; pois através de tudo lá penetraram também os rumores da revolução literária que ia lavrando na Europa, e isto bastou para lhe alvoroçar a alma. Foi nessa época que traduziu as Metamorfoses e os Amores de Ovídeo, que escreveu muitos dos versos que depois se incorporaram nas Escavações poéticas, e que compôs dois poemetos: A noite do Castelo e os Ciúmes do Bardo

A publicação das Cartas de Eco e Narciso motivou ao poeta uma aventura romanesca. Uma dama reclusa no convento de Vairão, D. Maria Isabel Baena Coimbra Portugal, escreveu-lhe dando-se como uma nova Eco, e perguntando se ele procederia como Narciso. Esta intriga galante deu em resultado a série de quadras do Amor e Melancolia, que o poeta compôs, e publicou em Coimbra no ano de 1828. Esta senhora veio a ser sua esposa, realizando-se o casamento em 29 de julho de 1834. 

Pouco durou este idílio, porque D. Maria Isabel faleceu em 1 de fevereiro de 1837. No ano de 1840 acompanhou seu irmão Augusto à ilha da Madeira, e assistiu à sua morte em 31 de dezembro desse ano. Castilho tentou vulgarizar a história de Portugal numa publicação por fascículos, intitulada Quadros históricos

A Sociedade propagadora dos Conhecimentos Úteis, que fundara o jornal literário O Panorama, publicou em 1839 oito fascículos desta obra, em que colaborou Alexandre Herculano, escrevendo o último quadro. Nesse mesmo ano passou as segundas núpcias com D. Ana Carlota Xavier Vidal, natural da ilha da Madeira, que faleceu em 1871.

 Nos primeiros dias de 1841 voltou da ilha da Madeira, e em 1 de outubro publicava-se o primeiro número da Revista Universal Lisbonense, por ele fundada e dirigida, uma das folhas que mais serviços prestou à agricultura, à industria, às artes, à história, à moralidade e às letras. 

Deixou a direção da Revista em 17 de junho de 1845, e nesse ano e no seguinte, de colaboração com seu irmão, o conselheiro José Feliciano de Castilho, deu principio à Livraria Clássica Portuguesa, onde escreveu as biografias e juízos críticos com referência a Bernardes e a Garcia de Resende.

Em 1846 fez uma rápida passagem pela política, militando no partido cartista, e escrevendo um panfleto intitulado: Crónica certa muito verdadeira da Maria da Fonte, escrita por mim mesmo que sou seu tio, o mestre Manuel. da Fonte, sapateiro do Peso da Régua, dada à luz por um cidadão demitido que tem tempo para tudo

Por esse tempo começou também a luta em que empenhou uma grande parte da sua vida, para fazer adotar o seu método de leitura, contra o qual se levantaram grandes polemicas. 

Depois, duma luta pertinaz pela violência dos adversários, só ficou vitorioso em parte, porque se o governo o nomeou comissário para a propagação do seu método e lhe deu um lugar no Conselho Superior de Instrução Pública, nunca o fez adotar oficialmente, e foi esse o eterno pesar da sua vida. Em 1847, desgostoso por ver a frieza com que fora acolhida em Portugal a sua inovação, partiu para os Açores, onde se demorou até 1850. Em Ponta Delgada escreveu o Estudo Histérico-Poético de Camões, enriquecido de curiosas notas, fundou uma tipografia, onde se imprimiu o jornal o Agricultor Michalense, a convite da sociedade promotora da agricultura da ilha, sendo, Castilho o redator principal; estabeleceu conferências que despertaram o amor de estudo; fundou a sociedade dos Amigos das Letras e Artes; escreveu a Felicidade pela agricultura, oTratado de Mnemónica, o Tratado de metrificação, as Noções rudimentares para uso das escolas, e traduziu os Colóquios aldeãos de Timon; tentou radicar a tipografia e a gravura em madeira; compôs para aplicar a poesia à música, e torná-la por isso mais atrativa, o hino do trabalho que se tornou muito popular, o dos lavradores, e o da infância no estudo; por sua iniciativa se criaram na ilha escolas gratuitas, umas de instrução primária, outras de instrução secundária; aí se ensaiou pela primeira vez o método de leitura repentina.


No dia 22 de fevereiro de 1850 regressou a Lisboa, e empregou-se com violência na luta contra os adversários do seu método de leitura, que se publicaram duas edições em 1850 saindo a terceira em 1853, refundida e acompanhada de vinhetas, com o titulo deMétodo português Castilho. Esta propaganda também motivou grandes polémicas, em que por vezes Castilho se excedeu, como na Tosquia de um Camelo, carta a todos os mestres das aldeias e das cidades, em 1853; O ajuste de contas, em 1854, e Resposta aos Novíssimos impugnadores do Método português, de 1854, publicando neste mesmo ano a 4.ª edição do Método

Em 1853 foi nomeado comissário geral de instrução primária; então abriu cursos públicos em Lisboa, Leiria, Porto e Coimbra, para instruir os professores. Em 1865 foi ao Brasil com o intuito de propagar, o seu Método donde voltou nesse mesmo ano, sendo recebido amigavelmente pelo imperador D. Pedro II, a quem dedicou o seu drama Camões, e de quem foi sempre dileto amigo, até à morte.

Quando D. Pedro V criou em 1858 as três cadeiras do Curso Superior de Letras, ofereceu a Castilho a cadeira de literatura portuguesa, que ele não quis aceitar. Em 1861 publicou se a nova edição do Amor e melancolia, aumentada com a Chave do enigma, parte complementar desenvolvida, com a autobiografia do poeta até 1837. 

Em 1862 publicou-se a tradução dos Fastos de Ovídeo, em seis volumes, seguida de copiosíssimas notas escritas a seu convite por diferentes escritores portugueses. 

Em 1863 publicou-se o Outono, coleção de poesias. Em 1866 foi a Paris em companhia de seu irmão José Feliciano de Castilho, sendo ali apresentado a Alexandre Dumas, de quem era apaixonado admirador. 

Nesse ano publicou em Paris a Lírica de Anacreonte; em 1867, também em Paris, apareceu urna edição luxuosa da tradução das Geórgicasde Virgílio; em 1868 saíram os Ciúmes do Bardo, com a tradução em italiano pelo próprio autor. 

Castilho empreendeu a tradução do Fausto, de Goethe, primeira parte, sobre uma tradução francesa. Surgiu uma polémica violenta, chamada a Questão faustiana

Existe um grande número de cartas de Castilho publicadas em jornais e revistas a este respeito, que bem mereciam ser coligidas em volume. 

Cântico da Noite – Poesia de Antônio Feliciano de Castilho

Sumiu-se o sol esplêndido
Nas vagas rumorosas!
Em trevas o crepúsculo
Foi desfolhando as rosas !
Pela ampla terra alargar-se
Calada solidão!
Parece o mundo um túmulo
Sob estrelado manto!
Alabastrina lâmpada,
Lá sobe a lua! Entanto
Gemidos d’aves lúgubres
Soando a espaços vão!
Hora dos melancólicos,
Saudosos devaneios!
Hora que aos gostos íntimos
Abres os castos seios!
Infunde em nossos ânimos
Inspiração da fé!
De noite, se um revérbero (683)
De Deus nos alumia,
Destila-se de lágrimas
A prece, a profecia!
A alma elevada em êxtase
Terrena já não é!
Antes que o sono tácito (684)
Olhos nos cerre, e os sonhos
Nos tomem no seu vórtice,
Já rindo, e já medonhos,
Hora dos céus, conserva-me
No extinto e no porvir.
Onde os que amei? sumiram-se.
Onde o que eu fui? deixou-me.
Deles, só vãs memórias;
De mim, só resta um nome:
No abismo do pretérito (685)
Desfez-se choro e rúy
Desfez-se! e quantas lágrimas
Brotaram de alegrias! Desfez-se!
e quantos júbilos
Nasceram de agonias!
Teu curso, ó Providência,
Quem no previu jamais?
Que horas dest’hora tácita
Me irão desabrochando?
Quantos nos fêz cadáveres
Num leito o sono brando!
Vir-me-ão co’a aurora próxima
As saudações, os ais?
Se o penso, tremo, aterro-me;
Porém, se ao Pai Supremo
Remonto o meu espírito,
Exulto; já não tremo,
A alma lhe dou; reclino-me
No sono sem pavor. Chama-me?
Ascendo à pátria; Poupa-me?
Aspiro a ela.
Servir-te! ou ver-te e amarmo-nos!
Que sorte, ó Deus, tão bela!
Vem, cerra as minhas pálpebras,
Virgem do casto amor!

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terça-feira, 5 de novembro de 2013

ANTONIO CANOVA - BIOGRAFIA

                         Antonio Canova - Autoritratto come pittore
                             Antonio Canova

(Possagno, agora Itália, 1757-Veneza, 1822) escultor italiano. Por causa de suas origens familiares modestas não poderia ter seus estudos artísticos e começou a praticar outros comércios. Em 1768, após a sua mudança para Veneza, começou a dedicar-se à escultura e rapidamente alcançou a fama e o prestígio que permaneceu durante toda a sua vida.

                        

Seus primeiros trabalhos de Veneza, como Orfeu e Eurídice ou Dédalo e Ícaro , são impregnados do espírito barroco que ainda prevalecia na cidade lagoa. Quando já era um artista estabelecido, estabelecido em Roma (1781), que definiu o estilo que o caracteriza, inspirado pela antiguidade clássica e fortemente influenciada pelos princípios teóricos de Winckelmann, Milizia e outros, cujas doutrinas se encontram na base da nascimento neoclássico.

                    

Seus primeiros trabalhos do período romano, como Teseu e o Minotauro , e demonstrar o domínio técnico e perfeição no acabamento de seu costume. Na verdade, todas as suas obras foram o resultado de uma longa preparação, execução em um quase artesanal ao pormenor. 

                         

Não era um escultor Canova cinzel nascido e fácil, mas que foi forjada através do estudo e do trabalho, através da prática diária de desenho, por exemplo, traduzindo-nu aperfeiçoado e superou as deficiências de seus primeiros estudos anatômicos.

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Em seu estudo mostrou uma enorme atividade romana, a fim de atender a todos os pedidos que recebeu de as personalidades mais destacadas da época, de Napoleão a Catarina, a Grande, da Rússia. Já era então o principal escultor de estilo neoclássico, com a condição que tem sido perpetuada pela figura na história da arte.

          

O nome Canova está associado essencialmente a esculturas em mármore perfeito acabamento e polimento, que encarnam o ideal de beleza e é frio e distante, livre expressão de qualquer sentimento ou constrangimento. 

                        

Este escultor, que interpreta um sabor maravilhoso de seu tempo, capturou a beleza natural em repouso, livre de qualquer movimento espontâneo e um simples preto e branco e contrastando fortemente com a fase anterior.

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                            O Museu Canoviano em Possagno (memória)

Neste matricular suas duas criações mais famosas: o retrato da irmã de Napoleão, Pauline Borghese, e asTrês Graças . Pauline Borghese como Vênus é esculpida em um sofá, com as características de elegância e leveza de Canova. 

           As jogadoras de astrágalo, têmpera, c. 1799. Museu Canoviano, Possagno.

As Três Graças encarnar o nu feminino em toda a sua perfeição, e neles o artista parece refletir algo de seu mundo interior.

               Sleeping Nymph', Antonio Canova, 1820-1824. Museum no. A.30-1930

A Canova também é creditado como  profundamente renovou o gênero do túmulo monumental, graças àqueles que esculpiu para o Papa Clemente XIII e Clemente XIV. 

           Madalena penitente- versão do Hermitage- sem a cruz sobre as mãos

Entre os muitos oficiais que faziam efígies é particularmente famosa a Napoléon nu , ilustração justo dos ideais neoclássicos. Sua fama como um artista abriu muitas portas e fez dele um homem muito influente, que o Papado encomendou algumas missões delicadas, como a recuperação de obras de arte saqueadas por Napoleão.

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sexta-feira, 11 de outubro de 2013

ANTÔNIO CÂNDIDO GONÇALVES CRESPO - BIOGRAFIA

                              
                                                       ANTÔNIO CÂNDIDO GONÇALVES CRESPO

Poeta, tradutor e deputado português, nascido no Brasil. Filho de um comerciante português e de uma mestiça brasileira, veio para Portugal com catorze anos de idade. 

Estudou na Universidade de Coimbra, onde se formou em Direito, em 1875. Foi considerado o introdutor do parnasianismo em Portugal, colaborando na publicação A Folha, instrumento divulgador do ideal estético daquele movimento. 

Assinou artigos em vários jornais e participou no salão da escritora Maria Amália Vaz de Carvalho, com quem casaria mais tarde. 

Aqui aproveitou para se dar a conhecer nos meios mundanos das letras e da política, abrindo-se-lhe as portas para uma carreira de deputado. 

A sua poesia revela influências dos poetas franceses (Théophile Gautier, Leconte de Lisle, Sully Prudhomme, Verlaine, Mallarmé e Baudelaire), sendo marcada pelo uso de descrições realistas e exactas e uma extrema preocupação a nível estilístico. Em alguns dos seus poemas a influência parnasiana coabita com certos lugares comuns ultra-românticos (tema, figuras históricas e acontecimentos contemporâneos). 


Gonçalves Crespo cantou as saudades do Brasil e da mãe, que se manteve por lá, em poemas doridos e angustiados, como o soneto «Mater dolorosa», mas cantou também o mar e os grandes feitos dos navegadores portugueses em Camoniana. 

Publicou dois livros de poemas, Miniaturas (1871) e Nocturnos (1872), que se encontram reunidos nas Obras Completas (1897) do autor, com prefácio de Teixeira de Queirós e Maria Amália Vaz de Carvalho.

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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

ANTONIO BERNI - BIOGRAFIA

                                             


                                                               ANTONIO BERNI

O pintor argentino Delesio Antonio Berni nasceu em Rosário, província de Santa Fé, a 14 de Maio de 1905. 

Foi um extraordinário artista que representou na sua pintura a época em que viveu, caracterizada por um forte conteúdo social e político. 

A obra deste pintor teve grande influência nos acontecimentos históricos que viveu ao longo da sua vida. Antonio Berni faleceu em Buenos Aires, a 13 de Outubro de 1981.

                             
                                         A FOGUEIRA DE SÃO JOÃO


O argentino Delesio António Berni, juntamento com o brasileiro Candido Portinari e o mexicano Diego Rivera, formaram o grupo de arte político-social da América Latina.


                                       
                                                       MAU SINAL


Um dos pintores mais expressivos do século passado, com conteúdo descritivo e estético revolucionários nas artes plásticas. Entre 1955 e 60, expôs em Paris, Varsóvia, Bucareste, Moscou e Praga e foi laureado na Bienal Internacional de Gravura de Liubliana, Iugoslávia, e de Cracóvia, Polónia.


                                     
                                                         A MULHER DO SUÉTER VERMELHO


“A arte de misturar xilogravuras e colagens e o padrão que aplicou às gravuras deram-lhe um lugar de destaque na vanguarda modernista, junto com a temática social que permite compreender o cotidiano das cidades latinas, seus costumes e mitos regionais”. Explica a directora de uma galeria onde a obra de Berni esteve exposta.



                                 
                                                                     DESEMPREGADOS


A série «A obsessão da Beleza», de 1975, corresponde a um tempo obscuro da história argentina, de golpes militares e de crise sócio-económica. Já a série de serigrafias é uma alegoria que imprime seu impiedoso sarcasmo ao descrever as torturas do regime ditatorial aos sacrifícios a que as mulheres se submetem para tornarem-se belas.



                               
                                                     MANIFESTAÇÃO


Nasceu em 1905, em Rosário, filho de pai italiano e mãe argentina. Iniciou os estudos de desenho aos 11 anos e, aos 15, fez a sua primeira exposição individual. Em 1925, viajou, como bolsista para Madrid e mais tarde estabeleceu-se em Paris, onde estudou com André Lhote e Othon Friesz. Aqui brota o fascínio pelas ideias socialistas e o surrealismo. De volta à Argentina em 1930, expôs obras surrealistas em Buenos Aires.


                                      
                                                          DESOCUPADO


Numa outra série denominada «Assemblages», cheia de personagens, usa material das ruas combinados com colagem para expressar preocupações do período realista.


                                            
                                                     JUANITO LAGUNA

Antonio  Berni morreu em Buenos Aires, a 13 de Outubro de 1981.


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