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segunda-feira, 2 de março de 2015

FRANÇOIS BOUCHER - BIOGRAFIA

 
François Boucher (Paris, 29 de setembro de 1703) foi um pintor francês, talvez o maior artista decorativo do chamado setecento europeu.


Embora tenha vivido num século dominado pelo Barroco, ia além desse estilo e identificava-se mais com o Rococó - estilo muitas vezes alvo de apreciações estéticas pejorativas. 


Foi seguramente um dos pintores que melhor soube interpretar o espírito do Rococó.


É muito conhecido por suas pinturas idílicas, plenas de volume e carisma, essas que vulgarmente recorriam a temas mitológicos e evocavam a Antiguidade Clássica, posta em voga por Rubens. 


Teve variados patronos, entre eles Madame de Pompadour, da qual pintou um célebre retrato, exibido hoje na "Alte Pinakothek" de Munique, na Baviera, Alemanha.


Aos dezessete anos ingressou no ateliê de François Lemoyne.Lemoyne e Antoine Watteauforam suas primeiras influências pictóricas. 


Todos se impressionavam com a técnica e o estilo vigoroso e brilhante do pintor, a quem, três anos mais tarde, foi concedido o prestigioso "Prêmio de Roma". Embora não conhecendo a Itália, o nome do artista já ecoava pela Europa mais eclética. 


Quatro anos após receber o estimado prêmio de incentivo a novos artistas ele vai finalmente para a Itália, onde tomou contacto direto com o Classicismo.


Em Roma começou a estudar e, curiosamente, tal como Peter Paul Rubens, empenhou-se no estudo minucioso dos afrescos de Michelangelo na Capela Sistina no Vaticano em particular, e das obras memoráveis que a Renascença havia deixado para trás.


De volta à França, em 1731, foi admitido na "Academia Real de Pintura e Escultura". Chegou mesmo a tornar-se reitor da dita Academia e diretor da "Real Confecção de Tapetes". 


O que lhe sucedeu foi que se tornou rapidamente um pintor da moda: em 1765, o Rei, contente com seus serviços, nomeou-o pintor da Corte e pintor da Câmara. 


A partir desse momento concebeu numerosas obras-primas em que retratava variados membros das cortes francesa e italiana, e até mesmo de famílias reais. Celebrizou o retrato da real amante, a Madame de Pompadour.


Além de pintar, Boucher concretizou figurinos para teatro e tapetes e ficou célebre como decorador. Ajudou na decoração dos palácios de Versailles, Fontainebleau e Chosy. 



François Boucher morreu em 1770, em Paris.Ocupava então o cargo de primeiro pintor do rei Luiz XV da França. 


Pintou sobretudo cenas idílicas, povoadas por personagens mitológicos e pastores, geralmente em poses sensuais e quase desnudados.

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GEORGES BERNANOS - BIOGRAFIA

                               
                                            Georges Bernanos


Georges Bernanos (Paris, 20 de fevereiro de 1888 — Neuilly-sur-Seine, 5 de julho de 1948) foi um escritor e jornalista francês. 

Bernanos participou intensamente da vida política de seu país: foi soldado de trincheira na Primeira Guerra Mundial e repórter na Guerra Civil espanhola.

Em 1917, casou-se com Jeanne Talbert d’Arc, descendente em linha direta de um irmão de Joana d’Arc. Georges e Jeanne tiveram seis filhos entre 1918 e 1933: Chantal, Yves, Claude, Michel, Dominique, Jean-Loup. 

Passou a infância em Fressin (Pas de Calais).

Chegou ao Brasil aos cinqüenta anos de idade acompanhado da mulher, seis filhos e de um sobrinho. 

Primeiro foi para Itaipava, no estado do Rio de Janeiro, depois residiu em Juiz de Fora, Vassouras e Pirapora onde escreveu Les enfants humiliés e tentou a criação de gado. 

Numa série de artigos posicionou-se contra o armistício franco-germânico. Durante a Segunda Guerra Mundial permaneceu no Brasil, residindo entre 1938 e 1945 em Barbacena, Minas Gerais, numa casa situada no bairro Cruz das Almas que lhe foi oferecida por amigos.

Nesta casa escreveu Lettre aux Anglais, Le Chemin de la Croix-des-Ames e La France contre les Robots. 

Esta casa hoje se transformou no "Museu George Bernanos". 

Ali veio a terminar a sua obra Monsieur Ouine, que publicou na França, por ocasião do seu regresso em 1946.

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DOMINGOS CALDAS BARBOSA - BIOGRAFIA

                           

                                                                        CALDAS BARBOSA
Domingos Caldas Barbosa nasceu no Rio de Janeiro, em 4 de agosto de 1738.
Faleceu em 9 de novembro de 1800, no palácio do Conde de Pombeiro, em Bemposta, Lisboa.
Fez os primeiros estudos no colégio dos padres jesuítas, já revelando ali veia satírica e dotes de repentista.
Tornou-se o poeta satírico mais admirado (e também detestado) do Arcadismo brasileiro. Não poupava mestres e condiscípulos, mas principalmente ridicularizava as pretensões e as injustiças dos portugueses.
Por conta das sátiras, indispôs-se com os poderosos da época. Para escapar às perseguições, foi para Portugal onde buscou novas oportunidades para projetar-se.
Em Lisboa, ganhou a amizade do Dr. José de Vasconcelos e Sousa, regedor das justiças e, depois, Conde do Pombeiro e Marquês de Belas. Com a proteção do conde, conseguiu estudar e tornar-se capelão da Casa da Suplicação.
A proteção do conde fez que Caldas Barbosa ganhasse notoriedade literária, causando inveja a Bocage que, com sátiras, tentou ofuscar a fama do poeta brasileiro. Apesar da oposição de Bocage, Caldas Barbosa teve reconhecimento da casta portuguesa.
Pertenceu à Academia de Roma, com o pseudônimo de Lereno Selinuntino.
Foi o poeta mais popular do Arcadismo, tendo os poemas transformados em modinhas.
OBRA 
Obras Poéticas (poesias esparsas reunidas pelos amigos e publicadas em Paris, em 1865, sob o patrocínio de D. Pedro II).
POEMAS FAMOSOS:
1. Bárbara Heliodora (lira escrita na prisão). 
2. Estela e Nize (soneto lírico-amoroso).
Viola de Lereno (coleção de suas cantigas, Lisboa, 1798).
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sábado, 28 de fevereiro de 2015

BERNARDO CARO - BIOGRAFIA

                             
                                            Bernardo Caro
Bernardo Caro nasceu em Itatiba, no Estado de São Paulo. Filho de imigrantes andaluzes, a arte de Caro era um ponto de união entre a tradição da pintura espanhola e a temática brasileira. Foi possivelmente o pintor brasileiro mais marcadamente espanhol.

                    

Por isso, aliás, a cidade de Villanueva del Trabuco, onde nasceram seus pais, prestou uma homenagem ao artista, em 1997, dando seu nome a uma das ruas da localidade. A homenagem foi retribuída com um monumento construído pelo artista na praça principal da cidade.


                 

Caro foi professor secundário de artes. Lecionou em cidades do interior paulista como Uchoa, Tanabi, Amparo, Valinhos e Campinas. Em 1964 se incorporou ao Grupo Vanguarda de Campinas, participando de diversos salões de arte e exposições.


                       

Em 1972, ligou-se à Pontifícia Universidade Católica de Campinas, de cujo Departamento de Artes Plásticas foi chefe, entre 1979 e 1982. No ano seguinte ingressou no corpo docente do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi seu diretor de 1987 a 1990.


                      

Participou de várias edições da Bienal de Arte Moderna de São Paulo. Realizou também exposições na Itália, Espanha, Japão e em países da América Latina, além de possuir obras em acervos de Londres, Washington, Paris, Madri, Granada, Stuttgart e Estocolmo. Recebeu cerca de 30 prêmios.


Em setembro de 1996 assumiu a função de vice-cônsul da Espanha em Campinas.

Por iniciativa do educador e escritor Julio García Morejon, foi inaugurado em 2001 o Museu Bernardo Caro, em São Paulo. Ali se expõe, em caráter permanente, algumas das mais importantes obras do artista.


Bernardo Caro não resistiu ao pós-operatório, após uma cirurgia para implante de válvula cardíaca.


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CLÁUDIO MANUEL DA COSTA - BIOGRAFIA

           

                                   Cláudio Manuel da Costa



Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) foi um poeta do Brasil colônia. Um dos maiores poetas do arcadismo, escola literária trazida da Europa, que valorizava a vida no campo e os elementos da natureza. Homem culto conhecedor de Camões e Petrarca, deixou uma obra literária muito rica. Foi aluno da Universidade de Coimbra. Sua carreira literária teve início com a publicação do livro "Obras Poéticas". Tornou-se conhecido também por sua participação na Inconfidência Mineira. É Patrono da cadeira nº 8 da Academia Brasileira de Letras.

Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) nasceu na zona rural de Ribeirão do Carmo, hoje Mariana, em Minas Gerais. Filho de João Gonçalves da Costa, ligado à mineração, e Teresa Ribeira de Alvarenga, natural de Minas Gerais. De família rica, estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janeiro e em 1753 formou-se em Direito pela Universidade de Coimbra. Em Portugal teve contato com as renovações da cultura empreendida pelo Marquês de Pombal e Verney.

Dedicou simultaneamente à poesia, tendo publicado vários folhetos de versos. Depois de formado em Direito, regressou ao Brasil em 1754, para exercer em Vila Rica, hoje a cidade de Ouro Preto, as funções de advogado e fazendeiro. Entre 1762 e 1765 exerceu o cargo de Secretário do Governo da Capitania.

Cláudio Manuel da Costa inicia sua carreira literária em 1768, com a publicação de "Obras Poéticas", livro que marca o início do arcadismo no Brasil. O poeta cultivou a poesia lírica e a épica. Na lírica o tema é a desilusão amorosa, na épica sua poesia é inspirada na descoberta das minas, na saga dos bandeirantes e nas revoltas locais.

Cláudio Manuel da Costa tornou-se conhecido também por sua participação na Inconfidência Mineira, movimento pela independência do Brasil, que ocorreu em 1789 em Vila Rica. 

Os poetas Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José de Alvarenga Peixoto, seus companheiros em Coimbra e Joaquim José da Silva Xavier, Joaquim Silvério dos Reis, entre outros, preparavam uma revolta para estabelecer um governo independente de Portugal. Traídos por Joaquim Silvério dos Reis, os conspiradores foram presos.

Cláudio Manuel da Costa foi levado para prisão, no dia 25 de maio de 1789 e encontrado morto no dia 4 de julho do mesmo ano.

Obra de Cláudio Manuel da Costa

Munúsculo Métrico, poesia, 1751
Epicédio, poesia, 1753
Labirinto de Amor, 1753
Números Harmônicos Temperados em
Heroica e Lírica Ressonância, poesia, 1753
Obras Poéticas, poesia, 1768
Vila Rica, poesia, 1839

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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

EDOUARD JOACHIM COPPÉE - BIOGRAFIA

             
François Edouard Joachim Coppée foi um poeta e romancista francês.
Ele nasceu em Paris a um funcionário público. Depois de assistir o Lycée Saint Louis tornou-se funcionário do ministério da guerra, e ganhou o favor do público como um poeta da escola parnasiana. Seus primeiros versos impressos datam de 1864. Em 1869, sua primeira peça, Le Passant, foi recebida com aprovação no teatro Odéon, e mais tarde Dois Fais ce que e Les Bijoux de la délivrance, dramas poéticos curtas inspirados na Guerra Franco Prussiana, foram aplaudido.
Depois que ocupam um lugar na biblioteca do Senado, Coppée foi escolhido em 1878 como arquivista da Comédie Française, cargo que ocupou até 1884. Nesse ano, a sua eleição para a Academia Francesa fez com que ele se aposentar a partir de todos os compromissos públicos. Ele foi feito um oficial da Legião de Honra em 1888.
Coppée ficou famoso como le poète des humildes. Seu verso e prosa foco em expressões simples de emoção, o patriotismo, a alegria do amor jovem, eo pitifulness dos pobres. Ele continuou a escrever peças de teatro, principalmente dramas sérios em verso, dois em colaboração com Armand d'Artois. O desempenho de um curto episódio da Comuna, Le Pater, foi proibida pelo governo em 1889. 
Coppée publicou sua primeira obra em prosa em 1875 e passou a publicar contos, uma autobiografia de sua juventude, uma série de pequenos artigos sobre diversos assuntos, e La Bonne Souffrance, um relato popular da sua reconversão para a Igreja Católica Romana. Sua conversão foi devido a uma doença grave que por duas vezes o levou à beira da morte. 
Ele também estava interessado nos assuntos públicos, juntando-se a parte mais violenta do movimento nacionalista e tendo um papel de liderança contra Alfred Dreyfus no caso Dreyfus. Ele foi um dos fundadores da Liga de la Patrie Française.

Crítica

O poeta Arthur Rimbaud, um jovem contemporâneo de Coppée, publicou numerosos paródias de poesia de Coppée. Paródias de Rimbaud foram publicados em L'Album Zutique. A maioria desses poemas parodiar o estilo e a forma de alguns poemas curtos por Coppée. Rimbaud publicou-os sob o nome de François Coppée.
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CIRO VERSIANI DOS ANJOS BIOGRAFIA

                             

                                               Ciro Versiani dos Anjos

Nasceu em Montes Claros, Minas Gerais, em 5 de outubro de 1906. Advogado, jornalista e romancista, lançou seu primeiro livro, O Amanuense Belmiro, em 1937, que foi um sucesso premeditado.

Mantinha uma seção de crônicas no jornal A Tribuna, de Belo Horizonte, e adotou o pseudônimo “Belmiro Borba”. Como havia uma certa continuidade de temas e de personagens, os amigos imaginaram que ele estivesse escrevendo um romance e começaram a cobrar-lhe o livro, que finalmente foi publicado pela Editora José Olympio, a qual se encarregou da segunda edição, e constituiu-se na sua obra de maior sucesso de público e crítica. 

Escreveu um ensaio em 1954, em Portugal, publicado naRevista Filosófica, intitulado A Criação literária, mais tarde transformado em livro. Teve destacada atuação em órgãos públicos, chegando a ser oficial de gabinete do governador Benedito Valadares (1935-38) e Ministro do Tribunal de contas do Distrito Federal (1960). 

Apesar dessas atividades, não parou de escrever: Abdias (1945), Montanha (1956), Explorações do tempo (1963), A Menina do sobrado (1979). Em 1963, lançou Poemas coronários (1964) e, em seguida, participou da fundação da Universidade de Brasília, onde foi coordenador do Instituto de Letras e manteve uma Oficina Literária. 

Em 1969, ingressou na Academia Brasileira de Letras. Faleceu em 4 de agosto de 1994.

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domingo, 8 de fevereiro de 2015

ARNOLD BÖCKLIN - BIOGRAFIA

                   
                                                  Arnold Böcklin

Pintor suíço, nascido no ano de 1827, e falecido em 1901, em Basileia, na Suíça, Arnold Böcklin formou-se em pintura na Academia de Düsseldorf, tendo tido como seu mestre Johann Schirmer. 

           
                                                        A ilha dos mortos

Foi artisticamente influenciado pelas obras de Thomas Couture e de Camille Corot, e quando da sua visita à cidade de Paris, em 1848. Esteve posteriormente em Roma, entre os anos de 1850 e 1857, onde, à semelhança de outros artistas do seu tempo, fez cópias de obras da Antiguidade Clássica. 

                                                            Caça de Diana

Esta vertente artística patenteou-se em algumas das suas obras, nomeadamente as realizadas após travar conhecimento com o pintor Hans von Marées na cidade de Florença, em 1874, que possuía a mesma inclinação para as formas e temas clássicos. 

                                                   Combate sur un pont

Do conjunto de obras que observou, copiou e estudou na Itália uma série de trabalhos de Rafael que mais o marcariam. Por outro lado, retirou elementos das naturezas presentes nos quadros de pintores quinhentistas e seiscentistas do Norte da Europa, como Salomon von Ruysdael, Albrecht Dürer e Mateus Grünewald, que aliou a temáticas próprias do Romantismo Alemão. 

              
                                                              El Surf

Tal deu origem a pinturas como A Ilha dos Mortos, de 1880, uma das suas obras mais conhecidas, e que ele caracterizou como "uma imagem para sonhar" (o nome pelo qual a pintura é conhecida foi dado por um comerciante de arte). 

                                          Ulysse Et Calypso

Todos estes aspetos, reforçados pelos elementos que Böcklin retirou do movimento simbolista francês, contribuíram para a influência exercida sobre pintores do Expressionismo e do Surrealismo, como Salvador Dalí e Giorgio de Chirico. 

                                          Ilha da vida

O trabalho de Böcklin desenvolveu-se sobretudo na sua cidade natal e em Munique, tendo-se igualmente destacado na pintura mural (nas escadas do Kunstmuseum de Basileia) e de retratos (A atriz Jenny Janauschek). Algumas das suas obras encontram-se na Nationalgalerie de Berlin, no Metropolitan Museum de Nova Iorque, na Neue Pinakotek de Munique e no Kunstmuseum de Basileia.

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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

BRASÍLIO ITIBERÊ DA CUNHA - BIOGRAFIA


                                        
                         Brasílio Itiberê da Cunha

Brasílio Itiberê da Cunha, nasceu em Paranaguá, em 8 de setembro de 1846 em uma família musical: se destacaram pai, tio, irmãos, sobrinho. A escolha de seu nome já reflete duplamente a “postura nacionalista” de que fala Sérgio CABRAL (1997, p. 39): “Assim, surgiram os Brasílio Itiberê, os Índios do Brasil, os Suassuna e os sobrenomes indígenas...”. 

Se o pai derivou seu primeiro nome do país, o próprio Brasílio teria sugerido a adição do nome indígena Itiberê, rio afluente do Paranaguá (MARIZ, 1994, p. 116). 

Estudou violino, mas foi ao piano, cujas primeiras lições lhe ministrou a irmã Maria Lourença (CASTAGNA, 2008, p. 10), que Brasílio Itiberê se tornou conhecido como virtuoso e compositor. 

Aos 20 anos, ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo onde teve, como colegas, futuros ilustres e influentes personalidades como Rui Barbosa, Rodrigues Alves, Afonso Pena e Castro Alves. Estímulos para a busca de um nacionalismo, em todos os sentidos, não faltaram no ambiente acadêmico, como “...o desejo que temos de ver nacionalizada também a Música no Brasil... A nossa natureza esplêndida, a nossa educação política, os costumes e as inclinações do nosso povo devem necessariamente inspirar nossos artistas...”, de que falava o ativista Vicente Xavier de Toledo em 1867 (RESENDE, 1954, p. 221).

Vida musical e engajamento político se integravam para Brasílio Itiberê. A Sertaneja (ITIBERÊ DA CUNHA, 1996) foi dedicada ao “Exmo Srn-Conselheiro Saldanha Marinho” 2. Brasílio Itiberê pode ter sido um dos pianistas presentes ao sarau em que Castro Alves declamou trechos do à época inédito poema Os escravos (NEVES, 1996, p. 27). Para arrecadar fundos para aSociedade Redemptora, que objetivava comprar a liberdade de crianças escravas, participou de um concerto beneficente em 20 de agosto de 1870, tocando, entre outras obras, a sua meditativa Supplica do escravo (cartaz de concerto reproduzido em NEVES, 1996, p. 31). Quase dois meses antes, o próprio Brasílio Itiberê conseguiu cartas de alforria para três crianças negras, ação que foi elogiada no Correio Paulistano (NEVES, 1996, p. 30).

Embora ainda estivesse se dedicando à finalização de seu Curso de Direito, não estava alheio à crescente efervescência do pianismo que a sociedade paulista experimentava na segunda metade do século XIX. Paulo CASTAGNA (2008, p. 9) lembra da possível influência de pianistas virtuosos de consolidadas carreiras internacionais que se apresentaram no Brasil, como Sigismond Thalberg (1812-1871) em 1855 e o norte-americano Louis Moreau Gottschalk (1828-1869), que aqui residiu. 
No ano de 1869, tanto a Casa Levy quanto a loja de música paulista Madame Fertin anunciavam o recebimento de novas obras para piano para seu ávido público e, entre essas, a fantasia característica A Sertaneja de Brasílio Itiberê.




Já Bacharel em Direito, viajou para o Rio de Janeiro, onde procurou divulgar sua obra. Em um de seus concertos, realizado na Quinta da Boa Vista, contou com a presença do Imperador D. Pedro II quem, encantado com o artista e dentro de uma prática do que se tornaria comum na corte brasileira, ofereceu-lhe um custeio para completar seus estudos na Europa. 

Esta ajuda, entretanto, devido à formação acadêmica de Brasílio Itiberê, ao contrário daquela da maioria dos músicos brasileiros, acabou se traduzindo em um cargo oficial no corpo diplomático, a convite da Princesa Isabel em 1870 (CASTAGNA, 2008, p. 10). Na sua trajetória política, morou em diversos países da Europa e América do Sul: Prússia, Itália, Bélgica, Bolívia, Peru, Paraguai e Portugal. No Paraguai, teve destacada atuação no processo de re-estabelecimento da paz após a guerra contra a Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai).

Mas foi nos períodos de residência nos países europeus que pode continuar seus estudos musicais e se aproximar de reconhecidos compositores e instrumentistas. Sua posição como adido cultural brasileiro facilitou seu trânsito no meio musical, sendo que o período em Roma, entre 1873 e 1882, foi dos mais intensos. Em um evento, na mesma noite, reuniu três dos mais renomados pianistas: Giovanni Sgambati, Franz Liszt e Anton Rubinstein, o último para o qual teria escrito um Estudo de Concerto (ACADEMIA BRASILEIRA DE MÚSICA, 2008). Relatos espúrios contam da troca de gentilezas entre Brasílio Itiberê e Liszt que teriam lido, cada um, uma obra do outro: nosso compositor teria tocado as Soirées à Venise de Liszt, e este, aSertaneja. Há ainda a história de que Liszt teria ouvido o pianista brasileiro estudando no seu quarto de hotel na Via del Corsouma de suas difíceis obras e, por isso, bate-lhe à porta. Da amizade entre os dois, restou um bilhete em que Liszt agradece e retribui “uma magnífica remessa” que NEVES (1996, p. 45) cogita ter sido A Sertaneja:
“Querido SenhorMil agradecimentos por sua magnífica remessa. Como uma pobre [retribuição] eu vos ofereço minha Messe pour Orgue (ou Harmoniumsans Chant; e como outra, uma bagatelle recentemente publicada e já esquecidaAfetuosamente,
F. Liszt. Quarta-feira.”
Brasílio Itiberê deixou cerca de 60 obras, a maioria das quais pouco conhecida e, muitas, ainda desaparecidas. 30 estão guardadas na Biblioteca Casa da Memória da Fundação Cultural de Curitiba (algumas poucas podem também ser encontradas na Biblioteca Nacional no Rio de janeiro). No catálogo que preparou, Mercedes Reis Pequeno (NEVES, 1996, p. 101109) descreve 21 peças para piano solo com número de Opus (o que sugere a existência de pelo menos outras 20 desaparecidas de um total de 41); 11 peças para piano solo sem número de Opus (onde faltam mais 2 mencionadas em jornais); 3 arranjos para violino e piano; 5 obras vocais (3 religiosas, uma de Natal e outra profana) para instrumentações diversas com piano e cordas. Embora entre as obras do compositor predominem os títulos convencionais do repertório erudito de salão do século XIX, algumas merecem um estudo cuidadoso para se verificar até onde se estende seu viés nacionalista além de A SertanejaDanse americaineBallade des tropiquesA SerranaSúplica do escravo.

Brasílio Itiberê faleceu em 11 de agosto de 1913 em Berlim, pouco antes de sua transferência como diplomata para os Estados Unidos (MARCONDES, 1998, p. 225). 
Entretanto, havia deixado claro para a família seu desejo de retornar ao país natal. Duas semanas depois, seu corpo embalsamado chegou a Paranaguá e seguiu no dia seguinte para Curitiba, onde foi sepultado. Mais tarde, como o governo do Paraná não ergueu um prometido monumento ao compositor, sua família decidiu levar suas cinzas para o túmulo da esposa no Cemitério São João Batista no Rio de Janeiro (NEVES, 1996, p. 50).
Entre os compositores brasileiros que viveram na Europa do século XIX e que retornaram ao Brasil trazendo consigo significativo impacto na vida musical brasileira, José Maria Neves destacou Carlos Gomes e Henrique Oswald. Entretanto, foi o compositor e pianista paranaense Brasílio Itiberê que ele chamou de patriarca, ao utilizar explicitamente um tema folclórico brasileiro (NEVES, 1980, p. 204-205).

De fato, A Sertaneja, obra de juventude de Brasílio Itiberê (publicada quando este tinha 23 anos) e que se tornou a mais conhecida do compositor, apontava para a emergência de um nacionalismo na música erudita brasileira devido à inclusão, no seu tema central, de fragmentos do Balaio, meu bem, balaio. Este tema folclórico, popular não apenas no Paraná, mas em outros estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Sergipe está ligado à tradição de dança do fandango português ou, mesmo, do bambaquerê (dança de bambá) de origem africana (CAMEU, 1970).

Mas A Sertaneja não surgiu isoladamente dentro do processo de nacionalismo musical que, ao final do século XIX, enfraqueceu o paradigma de centralização do modelo tripartite erudito alemão-francês-italiano. Na música brasileira, exemplos pontuais remontam ao início do século XVIII. Há evidências de que o ainda praticamente desconhecido compositor brasileiro Antônio José da Silva (1705-1739), mais conhecido pelo apelido de “O Judeu” e queimado aos 34 anos em fogueira pela Santa Inquisição, utilizou temas do fado português e da modinha abrasileirada nas suas operetas (APPLEBY, 1983, p. 44), algumas das quais foram apresentadas ao público europeu (NEVES, 1980, p. 202). Na Bahia de 1759-1760, um até hoje anônimo compositor, possivelmente português, recorreu à língua nativa para elogiar um magistrado no Recitativo Aria da cantataHerói, egrégio (ANÔNIMO, 1997; BORÉM, LIMA, 2008). Em O Amor brazileiro para piano solo, um “Capricho dedicado à Donna Maria Joanna de Almeida” de 1819, o austríaco Sigismund Neukomm (1767-1858) contrapõe a verve do classicismo austríaco a um bastante sincopado tema de lundu (APPLEBY, 1983, p. 61; NEUKOMM, 2006, p. 3, veja Exemplo 1). Carlos Gomes, em A Cayumba, publicada em 1857, com texto cantado em português, combina ritmos de danças negras à ambientação da polca de salão (CASTAGNA, 2008, p. 9).

Mais para o final do século XIX, Alexandre Levy (1864-1892) compôs as Variations sur um thème populaire brésilien – Vem cá, Bitu (1887), o Tango brasileiro (1890) e a Suite Brasileira (1890), cujo quarto movimento, Samba, deixa claro suas intenções nacionalistas no próprio título (CASTAGNA, 2008, p. 10; NEVES, 1980, p. 205). Seu irmão, Luís Levy (1861-1935), escreveu duas Rapsódias brasileiras (a primeira, em 1894, e a segunda, em data desconhecida). Finalmente, Alberto Nepomuceno (1864-1920) receberia boa parte da fama de precursor do nacionalismo brasileiro por causar “...o impacto de uma expressão totalmente nova de elementos nacionais” (APPLEBY, 1983, p. 89), muito em função de sua Serie Brasileira(18881896) ter sido bastante divulgada ao receber logo uma edição comercial.
Entretanto, do ponto de vista do alcance destas obras “pré-nacionalistas”, nenhuma obteve o êxito e a popularidade de A Sertaneja, concorrendo para isto a profissão de político viajante de seu compositor e o fato do piano ser o instrumento de divulgação de repertório de câmara ou sinfônico por excelência (BORÉM, 1998, p. 21). Um pouco mais tarde, já exibindo a brasilidade muito mais engajada e sistemática do século XX, Villa-Lobos considerava Brasílio Itiberê, juntamente com Nepomuceno e Alexandre Levy, uma dos pontos de partida do nacionalismo brasileiro (ORREGO-SALAS, 1980, p. 182).
Estilística e indiretamente, A Sertaneja acaba fazendo referência a dois outros nacionalistas: o húngaro Franz Liszt e o polonês Frédéric Chopin, embora não pela exoticidade de um viés melódico, rítmico ou harmônico, mas sim pelo caráter rapsódico, pela concepção sonora e pela escrita idiomática do piano romântico da segunda metade do século XIX.
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