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sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

JOÃO CUTILEIRO - BIOGRAFIA

                     
                                                  João Pires Cutileiro

Nasceu em Lisboa a 26 de Junho de 1937 , no seio de uma família da média burguesia, ilustrada com sentimentos anti-fascistas.

A mãe de João, Amália, era natural de Pavia (Alto-Alentejo), mas cedo foi viver para Évora, onde conheceu José Cutileiro, um eborense que acabou por se tornar seu marido. O casal teve três filhos e João é o segundo deles.
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João Cutileiro teve uma infância e adolescência felizes, onde as viagens eram uma constante, por causa da profissão de seu pai, médico pertencente à Organização Mundial de Saúde. 
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Assim, em 1941, com apenas quatro anos de idade, João vai juntamente com a família para os Açores, onde seu pai, então médico militar, havia sido colocado. Vive dois anos na Ilha Terceira, da qual guarda muito boas recordações. O regresso ao continente dá-se em 1943.
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Em Lisboa a família Cutileiro vivia na Av. Elias Garcia, numa casa afamada por ser frequentada pela chamada "intelligentsia", ou seja, frequentada por boa parte das personalidades que desenhavam o panorama intelectual português da altura. Celestino da Costa, Estrela Faria, Vieira da Silva, Abel Manta, Avelino Cunhal, Lopes Graça, António Pedro, entre outros. É este mesmo António Pedro que, em 1946, convida Cutileiro para ir desenhar para o seu atelier. 
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Durante esta experiência, que durou dois anos, o escultor aproveita para contactar com artistas, escultores e críticos interessados pelo Surrealismo. 
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Entre 1949 e 1951, Cutileiro frequenta o estúdio de Jorge Barradas, onde modela, pinta e executa vidrado de cerâmica. Aborrecido dessa experiência, muda-se para o atelier de António Duarte, onde passa os dois anos seguintes como assistente voluntário de canteiro. 
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É neste período que se dá a iniciação de Cutileiro à pedra pois o seu trabalho no atelier de António Duarte era o de ampliar os modelos do mestre canteiro (o mestre José), passá-los a gesso e traduzir esses gessos para o mármore. 
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Com António Duarte, Cutileiro aprendeu ainda que jamais devia dividir a sua produção artística em, por um lado, peças académicas-oficiais (como fonte do seu rendimento) e, por outro lado, obras feitas para seu exclusivo prazer pessoal.
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Aos catorze anos, em 1951, Cutileiro faz a sua primeira exposição individual, realizada em Reguengos de Monsaraz (Alto Alentejo), numa loja de máquinas de costura, apresentando peças de escultura, cerâmica, aguarelas e pinturas.
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João Cutileiro fez o liceu no Colégio Valsassina onde, influenciado pelos amigos e pelo ambiente que respirava em sua casa, decide ingressar no MUD JUVENIL. 
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A sua face política mostra-se novamente mais tarde, nos anos 60, quando Cutileiro passa pelo Partido Comunista: ele entra e rapidamente sai, porque a "célula" a que pertencia se desmanchou e os contactos se perderam.
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Em 1951, quando ia a caminho de Kabul (Afeganistão), onde seu pai esteve a trabalhar durante um ano, João Cutileiro passa por Florença, onde toma contacto com a obra de Miguel Ângelo. 
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Foi uma visão que não mais esqueceu e que lhe fez aumentar a certeza de que queria fixar-se na Escultura (certeza essa que teve aos seis anos de idade, quando esculpiu um presépio). 
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Na volta de Kabul matricula-se, então, na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa (E.S.B.A.L.), sendo seu professor Leopoldo de Almeida.
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A frequência de apenas dois anos na E.S.B.A.L., 1953-1954, foi suficiente para lhe provar o que há muito suspeitava: em Portugal qualquer pesquisa era travada e o bronze era o único material considerado "digno" para escultura. 
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Não havia espaço para a criatividade e experimentalismo, que tanto caracterizam a sua personalidade artística. Sentindo-se constrangido pela mentalidade portuguesa, Cutileiro decide sair do país. É então levado pela mão de Paula Rego até à londrina Slade School of Art.
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Durante o curso que fez em Londres, entre 1955-59, Cutileiro não só enriquece a sua formação, como desenvolve a sua experiência. De grande importância nesta fase foi Reg Butler, seu mestre de escultura. 
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No ano em que acabou a Slade, Cutileiro recebeu três prémios: composição, figura e cabeça.

Em Londres, onde permaneceu grande parte do seu tempo, mesmo depois de estar formado, Cutileiro casa pela primeira vez, divorcia-se e casa segunda vez, sendo deste segundo casamento que nasceram o Tiago e o João, os seus dois filhos. 
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Nessa altura Cutileiro viveu um período difícil, não só devido às circunstâncias economicas como também porque ganha consciência de que tem de cortar o cordão umbilical que o mantinha muito ligado ao seu grande mestre (Reg Butler). Da sua procura de um caminho próprio resultaram as suas primeiras figuras articuladas (1964).
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Em 1966 Cutileiro começa a usar máquinas eléctricas de corte da pedra, o que lhe permitiu dedicar-se exclusivamente ao mármore. Começam então a surgir, sucessivamente, os torsos, as paisagens, as caixas, as árvores e as flores. 

Entre 1961 e 1971, Cutileiro expôs cinco vezes em Lisboa e uma no Porto.
O ano do regresso definitivo a Portugal foi o de 1970. O local escolhido para viver foi Lagos, no Algarve, onde permaneceu por mais quinze anos da sua vida. 
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É no atelier de Lagos que Cutileiro se empenha na construção das suas primeiras figuras bífidas e da obra mais polémica de toda a sua vida: o "D.Sebastião", erguido na cidade de Lagos, na praça Gil Eanes.
                            

João Cutileiro assume-se como membro da classe burguesa intelectual e tem consciência de que qualquer classe social tem um padrão de gosto que lhe é próprio. Assim, Cutileiro não espera que as pessoas de um grupo social diferente gostem das suas peças, aceitando com naturalidade a incompreensão e a crítica de que elas são alvo. 
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Quando realizou o "D.Sebastião", Cutileiro recebeu críticas ferozes e elogios rasgados. Contudo os elogios davam-se apenas porque o escultor tinha posto fim ao academismo de escultura do Estado Novo, sem que se entendesse o renovar da tradição moderna e a singularidade da obra do escultor. 
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Por provocação, Cutileiro declarou que tinha abandonado a criação artística para se tornar "um fazedor de objectos decorativos destinados à burguesia intelectual do ocidente". Com esta frase irónica, que Cutileiro compara ao "só sei que nada sei" de Sócrates, quis ridicularizar todos os que menosprezavam a sua escultura ou que se julgavam mais escultores do que ele. 
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É que, segundo ele próprio, toda a arte tem uma função decorativa, logo, todos os escultores são manufactureiros de objectos decorativos, não se percebendo o porquê do espanto desses escultores.
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Em 1971 o escultor conquistou uma menção honrosa no Prémio Soquil, em Lisboa. Em 1976 e 1977, as suas esculturas e mosaicos foram apresentados em Wuppertal, Alemanha. Seguiram-se exposições em Évora (1979, 1980 e 1981) e em Dortmund, Alemanha, em 1980. Este ano ficaria ainda marcado por uma exposição em Washington (E.U.A.) e outra na Sociedade Nacional de Belas Artes (Lisboa). No ano de 1981 Cutileiro participou no Simpósio da Escultura em Pedra (realizado em Évora) e numa exposição realizada na Jones Gallery, em Nova Iorque.
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O sangue que corre nas veias de Cutileiro é todo Alentejano. Talvez por isso, em 1985, o escultor tenha decidido mudar-se para Évora. Nesta cidade, na sua própria casa, está exposta boa parte da obra multifacetada do escultor. O contacto diário com as coisas que produz permite-lhe uma análise sistemática do que vai fazendo, do caminho a seguir, daquilo que é preciso acrescentar ou do excesso a tirar, quando repete um tema.
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Dos vários temas desenvolvidos pelo escultor, o dos corpos femininos é o mais marcante. "As Meninas de Cutileiro", como alguns lhes chamam ironicamente, têm valido ao escultor (além de muito dinheiro) momentos da mais distinta glória mas também do mais visível desprezo.
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Em 1988 Cutileiro realiza exposições em Lisboa, Macau e Almansil. Em 1989 expõe novamente em Lisboa e Almansil e, em 1990, decide fazer uma retrospectiva da sua arte, através de uma exposição ontológica, realizada em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian. 
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Desta exposição ficou-lhe a desilusão de só ver mostrada uma pequena parte da sua obra e a amarga compreensão de que jamais poderia realizar o sonho de reunir, de uma só vez, tudo aquilo que produziu ao longo do tempo.
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Em 1992 e 1993 o mestre Cutileiro volta a realizar mais exposições individuais, em Bruxelas, Almansil, Luxemburgo, Évora, Lisboa, Guimarães e Lagos. Nos anos seguintes sucedem-se outras exposições.
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Apesar do escultor ter conquistado um lugar invejável no panorama da escultura portuguesas e das suas obras serem hoje muito cobiçadas, depois do "D.Sebastião", muito poucos foram os monumentos de Cutileiro erguidos publicamente. 
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É como se o conservadorismo estético privilegiado pelo Estado Novo ainda se mantivesse vivo na arte estatuária portuguesa.

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